As placas luminosas de advertências já piscam insistentemente na Europa Oriental, mostrando que algo muito sério acontecerá nesta região, a qual já havia atraído a atenção de analistas sérios, agências de classificação de risco, mercados e investidores no início do ano passado porque constituía a maior ameaça para a economia mundial.

Os comentários diziam claramente que, se o problema não fosse enfrentado rápida e corretamente, poderia então resultar em catástrofe total das já frágeis instituições bancárias de toda a Europa e em pontapé inicial para o fim do mundo financeiro que não conseguiu reconstituir sua perdida credibilidade e se tornar um novo refúgio para os investidores.

Por motivo do fluxo das péssimas notícias da Europa Oriental os temores redirecionaram seus radares para esta região, que encontra-se, novamente, na linha de frente das preocupações gerais dos investidores. A crise já assumiu o controle da região e de forma violenta. Moedas e ações desabam ruidosamente e os spreads nas apólices de seguros emitem sinais de alerta vermelho.

É uma ironia. No final de 2008 e no início do ano passado a Europa Oriental era denominada “paraíso”. Mas observadores internacionais já destacavam que a região poderia se revelar o subprime do Velho Continente.

As maiores ameaças contra a estabilidade econômica da Zona do Euro são resultado da exposição da região aos tropeços dos bancos. As agências de classificação de risco já advertiam que a queda na região dos mercados emergentes da Europa Oriental era muito mais séria do que qualquer outra região, por causa dos grandes desequilíbrios que existem, e isto afetará todas as instituições financeiras que têm forte presença na região.

As agências de classificação de risco já mencionavam a possibilidade de gigantescas crises bancárias e monetárias nos mercados emergentes da região, assim como, recomendavam atenção aos países do Ocidente europeu e, principalmente, nos perigosos mercados da Europa Oriental e se referiam à iminente derrocada de sua outrora galopante economia, a qual, havia se aproveitado do período das elevadas taxas de juros que resultou a um gigantesco aumento de endividamento, tanto de famílias, quanto de empresas em moedas estrangeiras, principalmente, franco suíço e euro.

Esta região que, em algum momento passado, foi uma das mais florescentes economicamente no mundo – algo que o mundo ocidental não deixou sem explorá-lo – encontra-se hoje à beira de desabar ao caos.

A frugalidade da Zona do Euro ameaça a Europa Oriental:

Alemanha

– Corte dos gastos sociais.

– Corte de 15 mil postos de trabalho no setor público.

– Cortes de ajudas variadas.

– Novo imposto sobre transações nas bolsas de valores.

– Pacote de frugalidade: 80 bilhões de euros

– Déficit Fiscal em 2009: US$ 79,4 bilhões

Grécia

– Pacote de medidas acordado com a União Européia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

– Congelamento de salários do setor público.

– Congelamento de salários do setor privado.

– Congelamento de aposentadorias e pensões.

– Aumento do Imposto sobre a Renda em 23%.

– Pacote de frugalidade de 30 bilhões de euros anuais e cortes de gastos públicos até 2014.

Itália

– Congelamento de salários do setor público.

– Congelamento de aposentadorias e pensões.

– Corte de gastos na auto-gestão.

– Pacote de frugalidade de 24 bilhões de euros anuais até 2012.

– Meta: Redução do déficit fiscal em 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2012.

Espanha

– Corte de gastos públicos.

– Congelamento e redução de salários do setor público.

– Cortes de gastos do setor social.

– Cortes de dotações aos governos periféricos.

– Meta: Redução do déficit fiscal de 117,6 bilhões de euros

Portugal

– Corte de 5% nos salários de funcionários públicos de alto escalão e dos políticos.

– Aumento do Imposto sobre a Renda entre 1%-2,5% e sobre desempenhos operacionais.

Irlanda

– Novos cortes gerais totalizando US$ 3 bilhões entre 2011 e 2012.

– Três orçamentos de liquidez aprovados em outubro de 2008, abril de 2009 e, dezembro deste ano.

Outra preocupação é que, após as medidas de frugalidade que foram anunciadas pelos países do Sul europeu, outros países do Velho Continente e, especificamente, os da Europa Central e Europa Oriental, deverão promover profundos cortes em seus orçamentos e assim tentarem trazer suas economias na trilha do crescimento.

O fato de se encontrarem fora da Zona do Euro e não utilizarem como moeda o euro permite a esses países, teoricamente, adotar um método de manipulação de suas moedas a fim de fortalecerem sua competitividade e solucionarem alguns de seus problemas.

No início do mês passado, os primeiros sinais de disseminação da crise, também, na Europa Oriental já eram visíveis no horizonte. Contudo, ninguém podia prever aquilo que surgiria 30 dias depois. Em 5 de maio, o presidente do Banco Europeu para a Recuperação e Desenvolvimento (EBRD), Thomas Mirrow, advertiu sobre os possíveis riscos, por causa do reflexo da crise grega sobre os países da Europa Oriental. Mas estes riscos não têm ainda carne e muito menos ossos.

Mirrow alinhou três possíveis riscos da crise grega. “Um reflexo sobre a economia real da Zona do Euro poderá ter consequências desagradáveis sobre os países da Europa Central e Europa Oriental”. Também, avaliou que “existe grande possibilidade de aumentar a preocupação dos mercados de capitais afetando negativamente os investimentos e os empréstimos em outras regiões”.

Finalmente, destacou um terceiro risco que “ameaça, provavelmente, os países vizinhos da Grécia, como Bulgária, Romênia e Sérvia, por causa das sucursais de bancos e de empresas gregas instaladas nestes países que, certamente disseminarão a crise grega”.

Finalizando, Mirrow insistiu no caráter, “claramente hipotético dos três riscos por ele alinhados e destacados” e esclareceu que “tanto as sucursais de bancos, quanto de empresas gregas, instaladas nos três países vizinhos da Grécia se comportam muito bem e não oferecem risco de contágio”.

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Fonte: Monitor Mercantil