Para o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, a despesa causada pela alta taxa básica de juros (Selic) praticada pelo Banco Central (BC) é o maior risco para o equilíbrio das contas nacionais. Belluzzo discorda da candidata à Presidência da República Dilma Rousseff (PT), para quem o país só poderá manter uma Selic dentro dos padrões internacionais quando a relação dívida pública/PIB baixar para 30%.

“Se fosse desse modo, a Índia, cuja dívida supera os 60% do PIB, teria de oferecer as maiores taxas de juros do mundo, e não o Brasil. Isto não é assim. Tem a ver com a natureza das relações entre o BC e o sistema financeiro, a capacidade do governo de se impor sobre os rentistas”, disse, acrescentando que a renda financeira “engorda a tesouraria das empresas”.

Belluzzo também discorda das acusações feitas ao Tesouro pelos repasses de títulos ao BNDES, o que, na visão dos críticos, estaria colocando em risco o equilíbrio das contas públicas. “A culpa é da Selic alta, pois a diferença entre a taxa de juros de longo prazo (TJLP, praticada pelo BNDES) e a Selic é que causa uma despesa que não existiria se os juros básicos fossem mais baixos”, enfatizou.

Sobre afirmação do ex-secretário municipal de Finanças de São Paulo Amir Khair, que destacou que entre 1951 a 1980 a taxa de investimento no Brasil foi de 19,2% do PIB, com crescimento 7,4% ao ano “e produtividade inferior à atual”, Belluzzo ponderou que é arriscado trabalhar com médias em tão longo prazo.

“Realmente, fixar um número para o investimento muitas vezes serve apenas para referendar teses como a do produto potencial, mas certamente no período JK e na época do “milagre” essa taxa era maior, e, na recessão entre 1961 e 1964, inferior”, comparou, lembrando que o produto potencial é apenas uma estimativa e que, neste momento, o investimento fixo está crescendo acima do PIB.

_________________________________________________________________________

A informação é do Monitor Mercantil