Longa é a arte, tão breve a vida!
Admirado por músicos de várias gerações, Paulo Moura universalizou o samba, a gafieira e o chorinho. Quando digo que ele universalizou esses gêneros nacionais, o fez de maneira altiva, isto é, sem a transferência formal de ritmos exógenos. Universalizou por dentro, pelo conteúdo, elevando ao mais alto patamar da complexidade e da harmonia musical as sonoridades do nosso próprio povo.
Ao contrário desse universalismo formal, pequeno e mesquinho da indústria cultural – que apenas repete o que é feito fora -, numa fusão confusa de ritmos e sonoridades impostas, desprendidas de toda substância histórica e social, Paulo Moura provou que a matéria prima do belo artístico é o povo e sua alma. E é a partir dessa fonte inesgotável de vida que os sons brotam e encantam.
Paulo Moura deixa a vida para ser imortalizado pela sua arte.
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Cristiano Capovilla é presidente da seção estadual maranhense da Fundação Maurício Grabois.
Fonte: Blog Pneuma-Apeiron