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É o seguinte texto das resoluções aprovadas por unanimidade pelos Partidários da Paz, no Congresso Brasileiro há pouco realizado:

Os Partidários da Paz de todo o Brasil, congregados no Movimento Nacional e reunidos no 2º Congresso Brasileiro dos Partidários da Paz, realizado na capital do estado de São Paulo de 21 a 23 de outubro de 1950, com a presença de 848 delegados de 15 unidades de Federação, de entidades e associações, de personalidades de destaque nas artes, nas letras e nas ciências, e na presença do povo paulista, tendo em vista o histórico Apelo de Convocação do 2º Congresso Mundial, e depois de considerar as teses, moções, propostas e indicações apresentadas a este 2º Congresso, e como resultado dos amplos debates e das orações proferidas, e refletindo ainda o anseio de paz do povo brasileiro já manifestado através de mais de 3 milhões de assinaturas no Apelo de Estocolmo, adotam por unanimidade as seguintes resoluções:

I

Apoiar o Apelo de Convocações do Congresso Mundial dos Partidários da Paz e, nesse sentido, intensificar o apoio ao Apelo de Estocolmo, instituindo uma Quinzena Nacional de coleta para o cumprimento da quota do Brasil, de quatro milhões de assinaturas, antes da abertura do 2º Congresso Mundial.

II

Ampliar ainda mais o esforço de todos os Partidários da Paz, com o objetivo de evitar a generalização da guerra ou fazer frustrar os planos belicistas, exigindo-se junto ao conselho de segurança da Organização das Nações Unidas, a solução pacífica da guerra na Coréia, mediante audiência das duas partes em causa; proibir o uso de armas atômicas e promover a punição de todos os que fomentam essa propaganda: difundir o respeito à Carta das Nações Unidas, exigindo a aplicação de seus princípios fundamentais, como instrumento que visa a concórdia entre os povos e a solução pacífica de suas divergências. Denunciar a agressão onde quer que ela se manifeste, condenando-se a intervenção armada por parte das potências estrangeiras nos negócios internos de qualquer país.

III

Protestar junto à Organização das Nações Unidas contra a prática dos bombardeios indiscriminados da população civil coreana, prática essa que constitui crime de lesa-humanidade e atentado aos direitos das gentes.

IV

Reclamar do governo brasileiro e de sua delegação junto à Organização das Nações Unidas uma orientação de exclusiva defesa da causa da paz, de acordo com os interesses e sentimentos do povo brasileiro e de toda a humanidade. Levar ao governo federal e aos governos estaduais os protestos veementes dos partidários da paz, por motivo de todos os crimes, violências e restrições praticados contra os defensores dessa nobre causa. Fazer sentir ao governo federal e apoiar a mais ativa oposição do povo brasileiro contra a remessa de tropas para a guerra na Coréia e contra a concessão de recursos para o prosseguimento desse conflito. Defender os direitos e as liberdades políticas, especialmente as de reunião e de imprensa, como melhor meio de assegurar a paz de nosso povo.

V

Conclamar os patriotas sem distinção de suas convicções políticas, religiosas ou filosóficas, a redobrar os esforços em defesa dos minerais radioativos e nossos demais recursos naturais, como alta contribuição para o progresso do Brasil e preservação da paz entre as nações.

VI

Homenagear e reverenciar a memória de todos os patriotas tombados na defesa da causa da paz e prestar calorosa solidariedade a todos os defensores da causa da paz que sofrem perseguições e constrangimentos em sua liberdade, por motivo de suas patrióticas atividades pacifistas.

VII

Atribuir à nova direção do Movimento Nacional dos Partidários da Paz, a aplicação de todas as medidas e recomendações do Congresso, para que se fala maior ampliação da campanha para a criação de novos órgãos de defesa da paz e melhor difusão e ampla coleta de fundos necessários à execução de todo o seu programa.

Com estas medidas os partidários da paz, componentes do povo brasileiro, estão convencidos de que atenderam ao Apelo de Convocação do 2º Congresso Mundial, apoiando imensa força que já representa a grande união em torno do Apelo de Estocolmo, união que não parará um só dia, de crescer com os passos que a cada momento serão dados, com o alto objetivo de dar aos povos a paz duradoura a que aspiram e que não será imposta pela força das armas mas, ao contrário disso, será conquistada pela ação coordenada e maciça de todos os homens e mulheres de boa vontade, capazes de fazer triunfar a razão e a justiça.

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