Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    Ode à paz

    Veja outros materiais do especial"60 anos da prisão de Elisa Branco e as campanhas pela Paz" Aqui, nestas ruas extensas Onde nasce todos os dias a vida, ansiosa e trêfega, Além, pelas ruas do mundo, onde os homens falam estranhamente Mas também sorriem e cantam; Aqui, onde há crianças deslumbradas que esperam com uma certeza […]

    POR: Redação

    4 min de leitura

    Veja outros materiais do especial"60 anos da prisão de Elisa Branco e as campanhas pela Paz"

    Aqui, nestas ruas extensas
    Onde nasce todos os dias a vida, ansiosa e trêfega,
    Além, pelas ruas do mundo, onde os homens falam estranhamente
    Mas também sorriem e cantam;
    Aqui, onde há crianças deslumbradas que esperam com uma certeza nos olhos
    [claros;
    Aqui, alem, onde dos escombros floresce a música,
    Paz, sê benvinda!
    Sê para sempre a bandeira, o pão, o santelmo e a hóstia luminosa!
    Mãos calosas que te servem,
    Rostos suarentos que te contemplam por entre campos semeados,
    Corações simples que te amam cada dia e cada noite,
    E te pressentem no milagre da primavera,
    Paz, acontece como o sol, inexorável e límpida,
    Acontece para eles que trabalham cantando.
    Nos jardins, nos ônibus, no redemoinho das grandes metrópoles,
    nos trens que conquistam a distância, mas escolas,
    nos aviões que cruzam o infinito, nas fábricas, nos suaves
    lares tranqüilos, e principalmente nos corações das crianças,
    nos ternos, plácidos corações.
    Paz, penetra como o bom dia,
    como a palavra amiga de todas as manhãs heróicas!
    Pás, tua carícia é ressurreição!
    Foi contigo que as mães brasileiras estiveram no cais,
    Aflitas e angustiadas, medrosas e tristes para abraçar o filho,
    O filho trazias de volta, finalmente de volta,
    Mutilado ou perfeito, mas trazias de volta.
    Foi contigo que as mães brasileiras choraram a ausência irreparável
    Do filho que ficou num mundo longínquo, num mundo de névoa e ódio,
    Para sempre morto, saudade para sempre.
    Paz, foi contigo que as crianças famintas soluçaram nas longas noites geladas,
    Caminhando entre cadáveres, remexendo destroços, os olhos espantados
    Procurando uma face conhecida;
    Foi contigo que as crianças famintas caminharam e até hoje caminham
    [chamando um nome impossível;
    Paz, fica conosco, não te vás!
    Da tua onipresença depende o mundo de amanhã,
    Do teu aconchego depende o amor que continua na própria Vida;
    E o sossego das alamedas, e o sonho dos meninos que são libélulas,
    E que advinham pensativos a beleza simples das rosas,
    E a inteligência dos homens voltados impávidos para o futuro,
    E a imaginação comovida dos artistas que como estrela de esperança devassa
    [o mistério dos séculos,
    Paz, é de ti que depende a vitória do Espírito!
    Em silêncio velamos a fim de que germines,
    E te daremos a nossa ternura, o nosso carinho inquieto,
    Te regaremos de suor, e de esplêndidas lágrimas de alegria,
    Mas não serás regada de sangue!
    Para que sejas bendita, para que sejas cântico e madrugada,
    Não serás regada de sangue!
    Para que todos te compreendam e aclamem,
    Não serás regada de sangue!
    Para que perdures,
    Não serás regada de sangue!
    Fica conosco que te amamos
    Agora e sempre.

    Veja outros materiais do especial "60 anos da prisão de Elisa Branco e as campanhas pela Paz"