O centenário da Revolução Mexicana
Responsável pelo desenvolvimento do capitalismo, o general governava com uma política impopular, incentivando o ingresso de capitais e empresas estrangeiras que passaram a controlar a exploração mineral e petrolífera, as estradas de ferro, os bancos, a produção e a distribuição de energia elétrica, além de grande parte das indústrias e do comércio do país.
Porfirio Díaz, que tinha sua base de apoio nos latifundiários mexicanos, na Igreja Católica e no exército, exercia uma política de repressão sobre as camadas populares, com medidas como a eliminação do ejido (terras comunitárias de origem indígena), o que possibilitou maior concentração de terras e a formação de grande contingente de camponeses explorados. Ao mesmo tempo, era reeleito sucessivas vezes em votações fraudulentas.
Com a criação do movimento "Anti-Reeleicionista" por parte de Francisco Madero, o proletariado urbano e os camponeses passaram a se organizar para ampliar sua atuação, reivindicar melhores condições de trabalho e maior participação na política.
Liderados por Emiliano Zapata, os camponeses do sul organizaram um exército popular para enfrentar o poder dos fazendeiros e usineiros de açúcar da região. No norte, sob o comando de Pancho Villa, o movimento camponês se articulava para defender a reforma agrária e fortalecer a unidade revolucionária.
Em junho de 1911, Porfirio Díaz foi derrubado e Madero assumiu o governo mexicano, mas desagradou tanto os próprios companheiros de revolução quanto a elite burguesa. Filho de latifundiários, o intelectual teve dificuldade de efetivar todas as reformas que havia prometido, como a distribuição de terras aos camponeses. Isso comprometeu sua credibilidade, chegando a ser considerado um novo ditador por Zapata e antigos aliados.
Cisão
O conflito de interesses fez Zapata apresentar o “Plano de Ayala”, em novembro, que exigia, entre outras coisas, a devolução de terras para os povos e a nacionalização da propriedade daqueles que se opusessem. Além disso, de acordo com o documento, Madero deveria se entregar e deixar o governo mexicano, ponto que causou uma ruptura entre os dois líderes.
Os atritos entre Zapata e Madero criaram o momento ideal para o comandante das forças armadas Victoriano Huerta conspirar com os Estados Unidos, por intermédio do embaixador Henry Lane Wilson, para tirar Madero do poder. Em 1913, após um combate de dez dias entre as tropas federais e rebeldes, Huerta assumiu a presidência do México.
Após ganhar força, a maioria dos países reconheceu Huerta como presidente legítimo. No entanto, os EUA se recusaram, acusando o comandante de ser um usurpador e de ter violado a Constituição do México.
Reformas e pacificação
Paralelamente, Villa, Zapata e outros líderes como Álvaro Obregón conduziam a luta contra Huerta, enquanto Venustiano Carranza, um político e fazendeiro de Coahuila, liderava a oposição contra o então presidente, com o apoio dos EUA. Em julho de 1914, enquanto eclodia a Primeira Guerra Mundial na Europa, Huerta renunciou e fugiu para Puerto México. Embora, oficialmente, tenha sido sucedido no cargo por correligionários, na prática o poder ficou nas mãos de Carranza.
A fim de conter a carnificina e pacificar o país, Carranza formou o Exército Constitucionalista e passou a atender a maior parte das demandas sociais defendidas pelos revolucionários.
Em 1917, uma nova constituição federal foi criada para formalizar as exigências dos revolucionários. Entre os artigos foram incluídos o Plano de Ayala, a liberdade de imprensa, a garantia dos direitos individuais, do direito à propriedade, regulamentava as leis trabalhistas, reconhecia o ejido e regulava a propriedade do Estado sobre as terras , águas e riquezas do subsolo.
Três anos depois, Carranza foi assassinado em Tlaxcalantongo pelas tropas do general Rodolfo Herrero, enquanto a rebelião liderada por Obregón eclodia. Ainda em 1920, Obregón assumiu a presidência do México, o que para os historiadores marca o fim do "período revolucionário".
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Fonte: Opera Mundi