Primeiro, criaram-se as bases para um salto no mercado de consumo, com a incorporação das classes D e C. Movimentos como o do Bolsa Família e o salário mínimo aceleraram esse processo que, adicionalmente, ajudou a revitalizar regiões de baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

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A divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro semestre mostra essa dinâmica.

O PIB geral mostrou expansão de 8,9%. Na comparação trimestre contra trimestre, houve uma redução no ritmo de crescimento – 1,2% contra 2,7% do período janeiro/março.

Estudos do IEDI (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial), em cima dos últimos quatro trimestres, mostram alta de 5,1%, indicando um crescimento anual do PIB maior do que se supunha no começo do ano.

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O ponto relevante é que o crescimento está sendo capitaneado pelo investimento fixo, com alta de 26,2% no primeiro semestre e de 8,9% no acumulado de quatro trimestres.

A alta ainda não permitiu se voltar aos níveis de 2008. Indicam taxa de investimento fixo equivalente a 17,9% do PIB no segundo trimestre de 2010, contra 20,1% no terceiro trimestre de 2008, quando a crise mundial interrompeu o processo.

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A nota fora continua sendo as contas externas. No acumulado do semestre, as exportações cresceram 10,5% contra 39,2% das importações. O IEDI aponta o dado como consequência da apreciação cambial.

O COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central) interrompeu a alta dos juros, mas o nível atual continua impactando as exportações de maior valor agregado, com o país ainda na dependência de exportações de commodities – cujo ciclo de alta poderá ser interrompido pela segunda rodada da crise global.

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A indústria teve papel relevante nessa recuperação, devido a um fator cíclico.

Antes da crise, a economia rodava a um determinado ritmo. A indústria mantinha estoques proporcionais ao ritmo de então. Quando houve a parada, em função da crise, ela foi afetada de duas maneiras: caíram as vendas do comércio e os estoques tiveram que ser reduzidos. Enquanto se queimavam estoques, não se voltavam a fazer novos pedidos à indústria.

Com a recuperação da economia, em um primeiro momento a indústria vende mais, para sustentar o novo ritmo do comércio, e vende mais para recompor os estoques. Ganha duplamente até as vendas se acomodarem em novo patamar.

No período abril-junho de 2010, em relação ao mesmo período de 2009, a indústria cresceu 13,8%. No primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2009, cresceu 14,2%.=, contra 8,6% da agropecuária e 5,7% do setor de serviços.

Em cima desse desempenho, o MInistério da Fazenda apresentou novas projeções para o crescimento do PIB: 7% em 2010 e 5,5% em 2011, contra projeções do mercado de respectivamente 7,4% e 4,5%.

Houve um aumento das expectativas em relação ao que o mercado esperava na semana anterior.

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Fonte: Luis Nassif Online