Numa acção coordenada em diferentes cidades do país – caso de Minneapolis e Chicago – , grupos de 20 a 30 agentes especiais do FBI irromperam pelas casas de destacados militantes progressistas com mandados de busca que indicavam ser parte de uma investigação sobre a suposta ligação dos visados a grupos considerados «terroristas» pela administração Obama, designadamente o Hezbollah, a Frente Popular de Libertação da Palestina e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, bem como com a organização socialista Freedom Road.

Durante mais de 14 horas, segundo diversas agências, o FBI vasculhou as residências dos activistas e apreendeu, nalguns casos, entre 100 e 120 caixas com pertences pessoais, documentos, computadores e dispositivos electrónicos.

Não foram feitas detenções, mas os mandados de busca referem uma investigação ao nível do «Grande Júri» marcada para 5 e 19 de Outubro próximo.

No próprio dia da incursão dos agentes do FBI (também conhecido nos EUA como Federal Bureau of Intimidation, ou seja, Escritório Federal de Intimidação), os advogados de alguns dos activistas alvo de buscas deram uma conferência de imprensa, o mesmo sucedendo no dia seguinte em Chicago, no Centro Cultural Portorriquenho, onde a advogada Melinda Power assumiu a defesa dos visados nesta cidade – Joe Iosbaker e Stephanie Weiner, intimados a comparecer em tribunal a 5 de Outubro.

Tudo parece indicar que possa gerar-se um resultado adverso ao esperado pelas autoridades norte-americanas – referem fontes próximas dos militantes progressistas – sublinhando que a acção, em vez de gerar o pânico, está a potenciar a coordenação dos diferentes sectores de esquerda norte-americanos e a levar a que muitos se dêem finalmente conta de que a administração de Barack Obama pode ser ainda mais reaccionária do que a do anterior presidente George Bush, já que para levar a cabo uma operação deste tipo é necessário o aval da Casa Branca e das instâncias que controlam o Departamento de Justiça e o sistema judicial.

Contra a intimidação

O FBI reconheceu entretanto, em declarações à Associated Press, ter feito seis buscas em Minneapolis e duas em Chicago. Segundo o porta-voz Steve Warfield, o FBI «não planeia, para já, fazer detenções; está à procura de provas».

Entre as casas que foram revistadas em Minneapolis estão as dos militantes veteranos Mick Kelly, Jess Sundin e Meredith Aby, que foram intimados a comparecer perante um júri federal de instrução em Chicago entre os dias 5 e 19 de Outubro.

«O FBI acossa os organizadores e dirigentes dos pacifistas, gente que se opôs à intervenção dos EUA no Médio Oriente e na América Latina», afirmou Kelly antes de os agentes lhe confiscarem o seu telemóvel.

Jess Sundin, por seu turno, considera que as buscas estão relacionadas com a oposição do Comité Antibélico de Minnesota à guerra no Iraque e no Afeganistão e à ajuda militar norte-americana à Colômbia e a Israel.

«É indignante que cidadãos dos EUA possam ser perseguidos desta maneira», afirma.

No fecho desta edição, e segundo informações divulgadas pelo International Action Center (iacenter.org) estavam em preparação em diversas cidades norte-americanas acções de protesto contra a perseguição que está a ser movida aos que se batem pela paz e pela democracia.

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Fonte: jornal Avante!