Inglaterra: Manif opôs-se à conferência conservadora
Apesar da chuva torrencial, os organizadores da “Right to Work” reuniram cerca de 7000 manifestantes, que, se bem que vedados os acessos às áreas mais próximas das infra estruturas onde se deu a conferência, marcharam pelas ruas de Birmingham com exuberância. Um contingente de cidadãos e cidadãs com deficiências físicas liderou o pelotão, dando particular ênfase à premente questão dos cortes impostos pelo governo em abonos sociais e vários benefícios fiscais. Num panorama político em que está em jogo a sobrevivência do sector público versus um défice de 150 milhões de libras, a adesão de vários sindicatos tornou-se vital do protesto.
A PCS (Public and Commercial Services Union), a RMT (Rail, Maritime and Transport Workers Union), a Unison, a CWU (Communication Worker Union), a NUT (National Union of Teachers) e a UCU (University and College Union) e até mesmo a NUS (National Union of Students) formaram fracções importantes dentro do corpo de manifestantes, indicando talvez uma auspiciosa união de esforços entre sindicalistas, estudantes e activistas de esquerda.
Juventude foi algo que não faltou no protesto. Desde várias organizações políticas estudantis (como a Socialist Worker Student Society e a National Campaign Against Fees and Cuts) a activistas mais pequenitos, de cartazes em punho, enterrados em t-shirts com slogans radicais com: “Fora com a escumalha conservadora”.
Esta participação das gerações mais jovens nada tem de surpreendente, dadas as ultimas medidas de austeridade impostas pelo governo que afectam em particular o ensino superior e o abono de família (do qual lares com rendimentos anuais superiores a 44 mil libras terão de abdicar).
O comício que se seguiu, se bem que algo prejudicado pelas duas horas de marcha debaixo de chuva que o antecederam, contou com discursos inflamados, principalmente do presidente do sindicato dos jornalistas (NUJ), Pete Murray, e do organizador da Right to Work, Chris Bambery. No painel estiveram também o dirigente do Bloco de Esquerda, Jorge Costa, a grevista grega Dina Garane e Suzannne Jefferies da Campaign Against Climate Change.
“Precisamos desta unidade na Europa. Uma Europa de solidariedade, dos direitos dos povos, do respeito pelas decisões democráticas, da cooperação para o pleno emprego e a segurança social, pela ciência e educação. Rejeitamos os pactos de Merkel, Papandreu e outros com os banqueiros gregos, espanhóis e portugueses contra a população europeia”, afirmou Jorge Costa. “Uma nova esquerda, anticapitalista, orgulhosa da sua memória, convicta do seu programa, representando os explorados e a juventude, é a única alternativa para a Europa”, prosseguiu o dirigente bloquista.
No entanto, o balanço do protesto não deixa de ser algo desencorajador, quando numa época de iminente crise política e social os meios de comunicação pouco ou nada relatam de manifestações de descontentamento publico, como foi o caso dos eventos de Domingo.
Enquanto a classe trabalhadora inglesa se prepara para um “Outono de Descontentamento” a pergunta mantém-se: A crise chegou, mas chegou para todos?
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Fonte: Esquerda.net