Caso as medidas anunciadas pelo governo até agora não sejam suficientes para deter a valorização do Real frente ao dólar, o Brasil deveria adotar políticas de controle de capital. É o que defende Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2010, a moeda americana se desvalorizou 4,42%, com a entrada expressiva de capital estrangeiro na economia brasileira, motivada pelos altos juros oferecidos e pelo fraco desempenho das nações desenvolvidas.

“O governo tem optado por mudanças graduais e vem observando seus resultados. Porém, se não tivermos um resultado mais eficiente, o controle de capitais é uma medida que deveria ser tomada”. A ação conta inclusive com o apoio de entidades bastante conservadoras como o FMI.

Pochmann avalia positivamente as decisões tomadas pelo governo nos últimos meses, mas acredita que, por enquanto, seus efeitos não foram suficientes. “O IOF teve certa eficácia, mas precisamos de resultados mais rápidos”, disse o economista após participar de seminário sobre telecomunicações organizado pelo Ipea, em São Paulo.

O presidente do Ipea também elogiou a atuação da equipe econômica de Dilma. “O novo governo tem apresentado uma coordenação mais firme entre as políticas fiscal e monetária. As ações do Banco Central e do Ministério da Fazenda estão sendo pensadas de forma integrada”.

Salário mínimo

Quanto ao impasse no Congresso sobre o valor do salário mínimo em 2011, Pochmann defende a manutenção do valor de R$ 540 proposto pelo governo ao menos no primeiro semestre. A oposição defende um valor superior e mesmo o PMDB, da base aliada, por disputas internas com o PT, ameaça apresentar uma emenda para elevar o montante a R$ 560. “O que o governo está fazendo é seguir a norma que foi acertada com as centrais sindicais. O salário mínimo tem tido um papel importante no desenvolvimento do país, mas é inegável que seu aumento afeta as contas públicas. Com a decisão do governo de iniciar o mandato cortando gastos, o melhor é que de imediato esse valor seja mantido”.

No entanto, para o economista, essa decisão não precisa ser definitiva. “Não há nada que impeça um aumento maior, tendo em vista que o ano passado foi de forte crescimento e 2011 também deve ter uma alta do PIB robusta. Há espaço para isso. Um reajuste poderia ser feito no segundo semestre”.

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Fonte: Época Negócios