Desde o fim de 2009, os ativos (dinheiro, títulos, os empréstimos para empresas, famílias e entidades do setor público, e imobilizações) dos principais bancos brasileiros cresceram 17,70%, próximo, dos 18,27% dos japoneses e superando largamente os 12,3% dos chineses, enquanto a contração foi forte em boa parte dos bancos europeus.

Quando se leva em conta a variação cambial desses países, fica mais evidente a liderança dos bancos brasileiros em termos de crescimento de ativos em 2010. Levantamento do Valor Data indica que a valorização do real frente ao dólar foi de 5% no ano passado. Já o iene avançou 14,7% e o yuan, 3,3%. Ou seja, se fosse descontado o efeito do câmbio de cada país, o Brasil provavelmente assumiria a liderança do ranking.
Numa comparação dos países que compõem os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), feita para um período mais longo, o IIF mostra que, entre 2005 e 2010, a elevação dos ativos foi acima de 300% no caso dos cinco maiores bancos brasileiros, superando largamente a expansão registrada nos balanços das instituições dos demais países, que mais que dobraram os ativos no mesmo período.

Sempre pelo cálculo em dólar, em volume, os cinco principais bancos do Brasil saltaram de US$ 420 bilhões para US$ 1,73 trilhão de ativos entre 2005 e 2010.

A China, que mantém a moeda desvalorizada, registrou alta significativa dos ativos de seus bancos na comparação internacional na moeda americana. Em volume, as cinco maiores instituições chineses aumentaram os ativos de US$ 2,72 trilhões para US$ 6,94 trilhões entre 2005 e 2010.

Os ativos dos grandes bancos do Oriente Médio e da África dobraram entre 2005 e 2007, mas o ritmo de expansão diminuiu desde então. Nos últimos tempos, os bancos americanos procuraram preservar os balanços que tinham antes da crise. Já na Europa, a contração nos sistemas bancários foi forte, com exceção da Alemanha e Suécia.

Para analistas, a forte valorização do real explica em boa parte o desempenho dos brasileiros. Reflete também o crescimento vigoroso da economia do país nos últimos anos, enquanto boa parte do mundo estava em recessão. Bernhard Speyer, do Deutsche Bank, destaca o forte avanço do crédito no país, e o apetite dos investidores que mantém o persistente fluxo de capital para o mercado brasileiro.

"O fato de a relação créditos/depósitos dos bancos brasileiros ser inferior a 100% faz com que possam expandir crédito sem restrições de financiamento", concorda Carlos Joaquim Peixoto, analista do banco BPI, de Lisboa, que acompanha também a situação das instituições brasileiras. "Na Europa, ocorre o inverso".

Na Europa, muitos bancos continuam tendo problemas sérios de funding e tiveram de cortar ativos. Na Irlanda, a contração foi de 15,9% desde fim de 2009. Mas parte disso é resultado de estatística, com a criação pelo governo do "banco podre", que pegou créditos que não valiam nada dos balanços das principais instituições do país para tentar evitar a falência.

Em sua avaliação atual sobre os bancos, o IIF mostra que o ritmo de empréstimos dos bancos americanos para o setor privado aumentou ligeiramente em novembro, enquanto na Grã-Bretanha está virtualmente estagnado. Na zona euro, registrou modesto crescimento.

Bancos de vários paises desenvolvidos aproveitaram a melhor rentabilidade no primeiro semestre de 2010 para reforçar o nível de capital, ajudados por menos provisões para perdas de créditos. A Irlanda é a exceção.

Embora boa parte dos bancos americanos e europeus não tenha retornado aos níveis de lucratividade de antes da crise, as grandes instituições espanholas se beneficiaram da "regulação prudente" e exposição à América Latina. As operações do Santanderno Brasil já são mais importantes que as da Espanha.

As necessidades de refinanciamento por parte dos bancos nos EUA e na Europa são mais altas do que habitualmente. A preocupação é maior em relação aos europeus. Eles têm necessidade de refinanciar €1,1 trilhão em 2011 e 2012. Aqueles com mais operações internacionais já conseguiram levantar mais de €7 bilhões no mercado na primeira semana deste ano. Mas o funding é bastante difícil para instituições da periferia da Europa, incluindo os portugueses.

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Fonte: Valor Econômico