Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    Juriti

    Na minha terra, no bulir do mato,          a juriti suspira; e como o arrulo dos gentis amores, são os meus cantos de secretas dores         no chorar da lira. De tarde a pomba vem gemer sentida        à beira do caminho; — talvez perdida na floresta ingente — a triste geme nessa voz plangente […]

    Na minha terra, no bulir do mato,
             a juriti suspira;
    e como o arrulo dos gentis amores,
    são os meus cantos de secretas dores
            no chorar da lira.

    De tarde a pomba vem gemer sentida
           à beira do caminho;
    — talvez perdida na floresta ingente —
    a triste geme nessa voz plangente
           saudades do seu ninho.

    Sou como a pomba e como as vozes dela
           é triste o meu cantar;
    — flor dos trópicos — cá na Europa fria
    eu definho, chorando noite e dia
             saudades do meu lar.

    A juriti suspira sobre as folhas secas
           seu canto de saudade;
    hino de angústia, férvido lamento,
    um poema de amor e sentimento,
           um grito d’orfandade!

    Depois… o caçador chega cantando.
             à pomba faz o tiro…
    A bala acerta e ela cai de bruços,
    e a voz lhe morre nos gentis soluços,
             no final suspiro.

    E como o caçador, a morte em breve
              levar-me-á consigo;
    e descuidado, no sorrir da vida,
    irei sozinho, a voz desfalecida,
             dormir no meu jazigo.

    E — morta — a pomba nunca mais suspira
             à beira do caminho;
    e como a juriti, — longe dos lares —
    nunca mais chorarei nos meus cantares
            saudades do meu ninho!


    Livros de poemas: uma antologia de poetas brasileiros e portugueses / [organização: Sergio Faraco]. – Porto Alegre, RS: L&PM, 2009, pág. 544.

    Notícias Relacionadas