Estive esta semana no gabinete do meu amigo (e vereador) Nilton Bobato. É difícil sair de uma visita a ele sem alguma coisa para ler, talvez pelo fato dele ser daqueles professores que gostam que a gente leia várias coisas sobre vários assuntos. Fico como uma lição de casa, eu diria. Dessa vez, levei um livro com um nome extremamente sugestivo: “A EDUCALÇÃO PARA ALÉM DO CAPITAL”, de István mészáros.

      Que o nome seja sugestivo, é fato. Ou melhor, a rápida compreensão do nome dependerá muito da posição política e visão social de cada um. Para muitos, não há nada de errado em agregar valores do captial no processo de educação das pessoas, inclusive, segundo alguns, é bom pois “prepara a criança para um mundo competitivo”. Há outros, em menor número, ainda acreditando em uma educação mais humana, menos “corporativa”, “competitiva” e de “metas”. Tais pessoas encontram dificuldades tanto na hora de escolher a escola para os filhos quanto na hora de serem firmes com as crianças, nos momentos em que a lógica do capital impera, por pressão, sobre a cabeça e a vida da criança.

      A escola brasileira, principalmente a particular, reproduz os valores do capital. Tratam questões humanas no campo da “bondade” e “caridade”. Utiliza slogans do tipo “campanha do agasalho” ou “campanha do leite”, por exemplo, fundamentando na criança o assistencialismo como forma de reversão social ou, em alguns casos, como a porta para o céu. As escolas tratam as campanhas com um status “Mac Dia Feliz”, deixando de lado o debate da sociedade e as causas que levaram àquele quadro.

      A escola pública ainda permite certa mistura de classes, mas é vista, ainda hoje, com preconceito e críticas pelas mínimas parcelas abastadas da população e, principalmente, pela falida classe média brasileira.

      O ambiente escolar reproduz, ainda, a sociedade do capital em suas campanhas para angariar alunos. O termo “segurança” faz parte de praticamente todas as argumentações a favor de si mesma, mostrando aos pais seus muros altos, muitas vezes com cercas eletrificadas. É a perfeita reprodução moderna das “casas ultra-seguras” ou dos condomínios de luxo. Quanto mais distante a criança estiver do mundo, mais segura ela estará.

      O resultado são jovens cada vez mais preconceituosos e menos preparados para lidar com a exclusão social crônica, buscando, sempre, seguir a lógica do capital aprendida no ambiente que deveria prepará-la para a vida e que, em diversos casos, tornou-se apenas um playground, onde a criança pode brincar em paz, longe dos perigos de um mundo real.

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* LUIZ HENRIQUE DIAS é Secretário Municipal de Organização Política do PCdoB de Foz do Iguaçu, escritor e estudante de Arquitetura e Urbanismo. O Luiz acredita na educação como forma de mudança social, mas não com a lógica do capital, de conseguir um emprego melhor, mas pensando na relação harmônica entre pessoas diferentes que, por saberem quem realmente são, respeitam uns aos outros.