PCP: os primeiros 90 anos
A criação do PCP é simultaneamente consequência e factor da progressiva presença social e política da classe operária portuguesa desde o final do séc. XIX, do avanço impetuoso do pensamento marxista-leninista, das ideias do socialismo, do impacto universal da grande Revolução Socialista de Outubro. A construção do PCP é a construção, pela própria classe operária e pelo proletariado revolucionário, de uma organização de classe inteiramente autónoma no plano político, ideológico e programático, instrumento e guia da sua luta emancipadora, da longa luta de resistência contra a exploração, o atraso, a negação de direitos, a repressão fascista. Instrumento e guia da espantosa e infinitamente criadora explosão revolucionária do 25 de Abril. Instrumento e guia de mais de 35 anos de resistência à contra-revolução, à recuperação capitalista, agrária e imperialista, à política de desastre nacional imposta pela grande burguesia e pelo grande capital transnacional.
É na existência e na acção histórica do PCP que as forças mais avançadas da sociedade portuguesa, que os trabalhadores, o povo, a intelectualidade progressista encontraram e encontram o mais seguro instrumento para a acção comum, a energia colectiva para enfrentar todas as dificuldades, os mais valiosos exemplos de inteira dedicação à causa da emancipação humana de todas as formas de dominação e opressão, de lúcido combate pela liberdade, pela paz, pela transformação revolucionária da sociedade e da vida, pelo socialismo, pelo comunismo. Foi no PCP que se forjou e continua a forjar um dos mais notáveis conjuntos de destacadas figuras do movimento operário, da intelectualidade progressista, do movimento comunista internacional de que algum povo se pode orgulhar.
Em 90 anos de vida o PCP passou pelas mais duras e exaltantes provas. Pela mais rigorosa clandestinidade durante quase meio século. Pela perseguição, a tortura, o assassínio, por centenas de anos de prisão somados. Embora tenha vivido durante vários anos praticamente sem qualquer ligação internacional construiu a mais determinada e ampla acção internacionalista, nomeadamente em relação aos movimentos de libertação e povos sujeitos ao colonialismo português.
Irrompeu à luz do dia na madrugada revolucionária de Abril, alargou exponencialmente as suas fileiras, viveu e animou com todo o entusiasmo os fulgurantes dias da revolução. Foi uma força determinante em todas as grandes transformações realizadas e todas as conquistas alcançadas. Foi e é o alvo concentrado de toda a reacção, do ódio dos fascistas, anticomunistas e contra-revolucionários de todos os matizes. Viu sedes vandalizadas e incendiadas, militantes perseguidos e agredidos, militantes tombarem em defesa das conquistas revolucionárias. Em 35 anos de resistência contra as políticas de direita mantém-se na primeira linha de cada batalha travada em defesa de direitos dos trabalhadores e das populações, na organização do combate de massas e de classe, na luta em defesa da unidade combativa da classe operária e de todos os trabalhadores, de todos aqueles que se batam por um rumo de progresso e desenvolvimento democrático, social e nacional. Militantes comunistas, hoje como antes, pagam em perseguições, discriminação, despedimentos selectivos o preço da sua acção combativa. E, como todos os que os antecederam, vêm na sua condição de comunista o mais alto motivo de alegria e de orgulho.
O PCP viveu, por vezes duramente, o impacto das crises, divisões e desvios no Movimento Comunista Internacional. Viveu a tragédia da derrota dos países socialistas do leste europeu e a agudização da ofensiva anticomunista desde então em curso.
Poderá haver quem se interrogue acerca do que explica tão extraordinária vitalidade resistente e combativa, a força e influência social e política do PCP, o seu prestígio entre os comunistas e as forças progressistas de todo o mundo.
Toda a história do PCP responde a essa questão: um partido que não tema a luta e as dificuldades sejam elas quais forem; um partido que mantenha firmes as suas raízes nos trabalhadores e no povo, aí vá buscar os seus quadros e aí consolide a sua independência de classe; um partido que se mantenha fiel ao marxismo-leninismo e, guiado por ele, compreenda em profundidade a realidade sobre a qual age; um partido que assuma as suas tarefas nacionais e deveres internacionalistas; um partido que se mantenha sempre fiel à defesa dos direitos e aspirações dos trabalhadores e do povo é uma força indestrutível.
Assim, é justo terminar esta nota de saudação ao 90º aniversário do PCP com palavras do título: estes gloriosos 90 anos são apenas os primeiros.
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Fonte: ODiario.info