A Comuna de Paris e as mulheres revolucionárias
RESUMEN: La participación femenina en las luchas revolucionarias es una constante en Francia, y que incluso se transforma en el símbolo de la República. Hasta recientemente las cuestiones relacionadas a las mujeres y sus luchas no eran motivo de estudio, pero esta realidad está siendo cambiada, principalmente, por el esfuerzo destacado de las feministas. Las investigaciones ya realizadas demuestran su significativa participación en los principales acontecimientos de nuestra historia. A partir de las revoluciones – burguesas y proletarias – principalmente de las francesas de 1789, de 1848 y de la Comuna de Paris de 1871, marcan definitivamente su participación en actividades consideradas hasta entonces como masculinas y reafirman la fuerza revolucionaria de la mujeres, que pasan a contribuir con gran parte de la fuerza que pone en movimiento la revolución proletaria, indicando que ellas jamás dejaran la escena de la lucha por una nueva sociedad de progreso social y de libertad.
ABSTRACT: Female participation in the revolutionary fights is a consistent in France, and that it even becomes the symbol of the Republic. Until recently the questions related to the se women and their struqqle were not well studied, but this reality is beginning to change, mainly, for the outstanding effort of feminists. Investigations already carried out demonstrate their significant participation in the main events of our history. Starting from the revolutions – bourgeois and proletarians – mainly of the French of 1789, 1848 and the Commune of Paris of 1871, they mark their crucial participation in activities considered up until then as male activities and they reaffirm the woman’s revolutionary force that contributed greatly to the force that puts in movement the proletarian revolution, indicating that they never abandoned the fight for a new society of social progress and of freedom.
Palavras Chaves: Comuna de Paris – Revolução – Mulheres – História – Política –
Luta de Classes – França
Neste momento em que as mulheres, mesmo que ainda de forma insuficiente, passam a desempenhar importantes cargos em diversos níveis – como professoras, cientistas, parlamentares, ministras, etc. – e avançar rumo a ocupação de significativo espaço público, é oportuno destacar a participação das mulheres revolucionárias, denominadas pejorativamente pelas forças reacionárias e aristocrático-burguesas, de les pétroleuses, ou seja, as incendiárias.
A presença e a participação feminina nas lutas políticas e revolucionárias na França e outros países é uma constante, inclusive, o símbolo da República francesa é representado por uma mulher.
Em que pese a destacada participação das mulheres nos principais acontecimentos de nossa história, principalmente a partir da denominada história moderna, até algumas décadas atrás o envolvimento feminino nas lutas políticas revolucionárias não era estudado.
As mulheres estiveram presentes, mas relegadas e marginalizadas. Esta realidade que está sendo mudada nas últimas décadas pelo esforço destacado das feministas, que ousam investigar e comprovam que as mulheres, cerca de 50% – possivelmente com pequenas diferenças em um ou outro período – da população em toda a história da humanidade, estiveram participando dos fatos históricos, onde o destaque fica com as mulheres trabalhadoras, que desafiando os preconceitos e os limites culturais – inclusive contra homens revolucionários –, conquistaram seus direitos, não somente como parte integrante da parcela social majoritária, explorada e oprimida, mas também de seus direitos específicos enquanto mulheres.
Em todas as revoluções burguesas e proletárias dos séculos XVIII, XIX e XX, “as mulheres com estudos utilizaram as oportunidades que se lhes ofereceram de defender reivindicações sociais, econômicas e políticas radicais, sobretudo aquelas destinadas a transformar o lugar que ocupam as mulheres na família e na economia, em concreto mediante a exigência de direitos e igualdade legais. Sem dúvida, as mulheres da classe baixa também participaram, sobretudo quando os problemas econômicos ameaçavam seu nível de vida e o de suas famílias. Com freqüência estas mulheres conectaram estas questões com as lutas pelo poder e as mudanças políticas radicais que tinham lugar e fizeram pleno uso da oportunidade de pressionar a favor de reformas legais e constitucionais. (…) Sem dúvida, em linhas gerais, os homens revolucionários não parece que hajam tido muito em conta os direitos da mulher(…) muitos homens temíam ao que parece, que as mulheres participassem em atividades políticas. Como conseqüência, os políticos e historiadores homens ignoraram as mulheres revolucionárias ou as pintaram como amazonas e feras, enquanto que muitos homens radicais têm-se mostrado às vezes pouco dispostos a respaldar os direitos da mulher, por receio de parecer insensatos aos olhos dos demais homens.” (TODD, 2000: 128).
AS MULHERES NA REVOLUÇÃO DE 1789
Já no ano de 1789 e posteriores, as mulheres participam de forma destacada nas lutas revolucionárias. Como um dos setores mais sensíveis às conseqüências das crises, assume papel de destaque nas mobilizações contra a escassez, a fome, a irregularidade no abastecimento, mas não ficam somente nestas lutas, começam a formular e apresentar suas reivindicações específicas, de forma cada vez mais destacada. Criam associações destinadas a exigir a defesa dos direitos das mulheres, como por exemplo a Sociedade de Mulheres Republicanas Revolucionárias , fundada em fevereiro de 1793, por Claire Lacombe e Pauline Léon , responsável por diversas conquistas revolucionário-populares. Algumas feministas conseguem destacar-se na defesa de seus direitos e por colocar suas reivindicações específicas como parte das plataformas políticas mais gerais. Entre estas se destacam Marie-Jeanne Roland, conhecida como “Manon” Roland , discípula de Rousseau e célebre como a filósofa republicana; a holandesa Etta Palm d´Aelders ; Olympe de Gouges , que redigiu uma Declaração dos Direitos da Mulher; Tréroigne de Méricourt , que se destacou no grupo Amigos da Constituição em 1790. Deve-se anotar que a participação das mulheres neste momento é identificada, pelo próprio caráter e pelo conteúdo de classe, com a perspectiva burguesa e não avançando em suas reivindicações especificas, o que só surgirá posteriormente.
AS MULHERES NA PRIMAVERA DOS POVOS EM 1848.
Em geral a participaçãao feminina nas revoluções de 1848, quando da primavera dos povos, manifesta um conteúdo um poco diferente da fase anterior, pois é destacada a presença das trabalhadoras e o surgimento das idéias socialistas e comunistas, que defendem a igualdade para as mulheres e a associam com a emancipação de claase, com a superação da ordem existente.
A Revolução de 1848, na França, principalmente em Paris, a exemplo de outros períodos revolucionários, destaca-se como o momento em que aconteceu o maior número de manifestações proletárias e onde as mulheres participaram com destaque, inclusive de forma independente, na organização de greves e associações gremiais, e reivindicaram que o Plano Nacional de Trabalho não seja excludente às mulheres e restrito a minorar só as conseqüências do desemprego masculino. Inclusive conseguem que representantes dos grêmios de mulheres façam parte da Comissão Luxemburgo, responsável por analisar e apresentar ao governo provisório, sugestões relativas as condições de vida dos trabalhadores e sobre os salários.
Entre as organizações específicas fundadas neste período destaca-se as Vésuviennes, que ao lutar pelas reivindicações femininas, organizava grupos de mulheres para treinamentos com conteúdo militar; o Clube para a Emancipação das Mulheres; a União das Mulheres e a Associação Fraternal de Democratas de Ambos os Sexos reivindicavam a igualdade de direitos para as mulheres, o direito ao divórcio e de voto. Registra-se, também, que muitas mulheres assistiram as reuniões da Sociedade Republicana Central dirigida por Blanqui e que, em algumas cidades das províncias, surgiram clubes femininos. (TODD, 2000: 135).
“Os defensores dos direitos da mulher também imprimiram milhares de cartazes, boletins e conclamações, além de fundar revistas e jornais, o mais importante deles foi La Voix des Femmes (A Voz das Mulheres), defendia o divórcio e creches para os filhos das mulheres trabalhadoras. Fora de Paris, seus esforços tendiam a limitar-se a exortar a seus maridos para que passassem à ação(…), sem dúvida, a medida em que o processo de politização característico das revoluções de 1848 se estendia, a participação política das mulheres tendia a aumentar. Algumas lutaram nas barricadas durante a revolução de fevereiro, mas foram muitas mais as que participaram na acentuada luta de rua de junho de 1848. As mulheres de Paris lutaram com tanta decisão como os homens e constituiram uma pequena porcentagem do total de mortos, feridos ou feitos prisioneiros. Ainda que algumas se limitaram a carregar e limpar as armas, outras dirigiram grupos de combate integrados só por homens. A atividade política das mulheres se restringiram depois que se reprimiu o levante dos “dias de junho”, mas muitas haviam aumentado sua conciência social e política.” (TODD, 2000: 135).
Muitas das ativistas femininas, ou melhor, feministas, lutaram não só nos acontecimentos da Revolução de 1848 na França, mas tiveram papel político importante nas lutas feminista posteriores, entre as quais se destacam: Eugénie Niboyet, responsável pela publicação do periódico parisiense Voz das Mulheres, dedicado à defesa dos direitos específicos das mulheres; Jeanne Déroin , fundadora do Clube para a Emancipação das Mulheres; Joséphine Courbois, conhecida como a rainha das barricadas, por sua atuação destacada nas barricadas em Lyón, e despois em 1871, em continuidade a sua militância, lutou nas barricadas da Comuna de Paris; Amadine Lucile Aurore Dudevant, conhecida como George Sand , intelectual e escritora conhecida por suas idéias republicanas e revolucionárias.
Em outros países da Europa, a presença e participação feminina nas lutas revolucionárias de 1848 não alcançaram o nível e a intensidade que teve na França.
No Império Austro-Húngaro, em Viena e Praga, as mulheres, mesmo que não haja registros de que apresentaram reivindicações específicas, se reuniam para tratar de assuntos políticos e publicar periódicos. Há registros de que em Praga, em junho de 1848, participaram das lutas, e em Viena, em outubro, auxiliaram na construção de barricadas. Na Hungria se chegou a formar dois regimentos femininos e algumas mulheres, disfarçadas de homens, alistaram-se nas tropas, inclusive há o caso de duas atingirem o posto de capitão antes de serem descobertas. A existência de organizações femininas se restringe praticamente a Praga e Viena, e se dedicavam a apoiar aos refugiados políticos e insurgentes prisioneiros. O Clube das Mulheres Eslavas, organizado em Praga, se dedicava à educação das mulheres em sua língua pátria.
Nos Estados alemães, na cidade têxtil de Elberfeld, as mulheres participaram no 31 de março de 1848 de uma manifestação em apoio aos trabalhadores e pela unificação da Alemanha, quando propuseram que se usasse somente a roupa confeccionada no país. Em outras localidades e eventos a participação se limitou a atividades de apoio. Os homens em seus clubes políticos, inclusive os burgueses radicais, com exceção dos socialistas e comunistas, não permitiam a participação feminina. Em Berlim, o pequeno Congresso dos Trabalhadores, que congregava 31 organizações, apoiava a reivindicação de igualdade para as mulheres, e registra-se também, a existência do Clube Democrático de Mulheres. Entre as mulheres se destacam as feministas Matilde Franziska Anneke e Luise Otto-Peters, responsáveis pela publicação de periódicos.
Nos Estados Italianos antes de 1848, em que pese certa presença das mulheres e de suas idéias nacionalistas e liberais, sua participação se limitou com algumas poucas exceções, a apoiar as atividades revolucionárias dos homens. Em geral, as mulheres italianas, neste período, não foram além do apoio a seus esposos e familiares. O destaque nos Estados Italianos é da brasileira Anita Garibaldi, considerada a verdadeira heroina italiana, por sua participação ao lado de Garibaldi, seu esposo, nas lutas pela unificação da Itália.
AS MULHERES NA COMUNA DE PARIS DE 1871
Mas, de todas essas lutas revolucionárias nas que as mulheres tiveram participação, o grande destaque foi na Comuna de Paris, seja por seu conteúdo político ou seja pelo número e intensidade.
Em 1871, os trabalhadores padeciam em precárias condições de vida e as trabalhadoras, em que pese a participação das mulheres nas jornadas revolucionárias em quase um século de luta de classes, padeciam de dupla exploração e discriminação, enquanto mulheres e trabalhadoras, e estavam excluídas de direitos políticos básicos, como por exemplo o direito ao voto. Um exemplo das discriminações as quais estavam submetidas as mulheres é explicitado pelo código civil francês , modelo de código civil burguês e seguido em difentes países, “foi um dos documentos mais reacionários no que diz respeito à questão da mulher. A despojava de todo e qualquer direito, submetendo-a inteiramente ao pai ou ao marido, não reconhecia a união de fato e só reconhecia aos filhos do casamento oficial.” (MARTINS, 1991: 47-48). Para muitas mulheres, a Comuna se apresenta não só como uma possibilidade de conquistar uma República social, mas de conquistar uma República social com igualdade de direitos para as mulheres.
No dia 18 de março de 1871, considerado o dia do deflagrar da Comuna, foram as mulheres as primeiras a dar o alarme e revelar a intenção das tropas a mando do governo de Thiers, de retirar os canhões das colinas de Montmartre e desarmar Paris. As mulheres se puseram diante das tropas governamentais e impediram com seus corpos, que os canhões fossem retirados e incitaram a reação do proletariado e da Guarda Nacional à defesa de París.
“Em concreto, as mulheres trabalharam em fábricas de armas e munições, fizeram uniformes e dotaram de pessoal aos hospitais improvisados, além de ajudar a construir barricadas. Muitas delas foram destinadas aos batalhões da Guarda Nacional como cantinières, onde se encarregavam de proporcionar alimentos e bebida aos soldados das barricadas, além dos primeiros auxílios básicos. Na teoría, eram quatro as cantinières destinadas a cada batalhão, mas na prática ocorria ser muito mais. Por outra parte, abundantes dados mostram que muitas mulheres recolheram as armas de homens mortos ou feridos e lutaram com grande determinação e valentia. Também houve um batalhão composto por 120 mulheres da Guarda Nacional que lutou com valentia nas barricadas durante a última semana da Comuna. Obrigadas a retirar-se da barricada da Place Blanche, se transladaram à Place Pigalle e lutaram até que as cercaram. Algumas escaparam ao Boulevard Magenta, onde todas morreram na luta final.” (TODD, 2000: 140).
As mulheres desenvolveram uma série de atividades e mais destacadamente as destinadas à assistência aos feridos e enfermos, à educação em geral e ao abastecimento. Mesmo que não houvesse movimentos e organizações feministas como conhecemos hoje, e não tenha sido elaborado um programa só com reivindicações específicas, as revolucionárias criaram cooperativas de trabalhadores e sindicatos específicos para as mulheres. Participaram ativamente de clubes políticos, reivindicando a igualdade de direitos, como por exemplo o Clube dos Proletários e o Clube dos Livrepensadores. Criaram organizações próprias como o Comitê de Mulheres para a Vigilância, o Clube da Revolução Social, o Clube da Revolução e o que conseguiu destacar-se entre eles foi a União de Mulheres para a Defesa de Paris e a Ajuda aos feridos fundada por membros da Internacional, influenciada pelas idéias de Marx. Publicaram-se periódicos destinados às mulheres: Le Journal des Citoyennes de la Comuna (Jornal das Cidadãs da Comuna) e La Sociale (A Sociedade).
As revolucionárias na Comuna adquiriam importância não só como lutadoras das causas sociais, mas como feministas, que pertenciam à classe operária ou aos setores radicais dos setores médios, identificadas com as lutas pela conquista de uma República social com igualdade de direitos. Entre as mulheres neste período, a que ficou mais conhecida foi a ativista socialista Louise Michel , fundadora da União de Mulheres para a Defesa de París e de apoio aos Feridos e membro da I Internacional. Destaca-se ainda: Elizabeth Dmitrieff , militante socialista e feminista; André Léo responsável pela publicação do periódico La Sociale; Beatriz Excoffon , Sophie Poirier y Anna Jaclard, militantes do Comitê de Mulheres para a Vigilância; Marie-Catherine Rigissart, que comandou um batalhão de mulheres; Adélaide Valentin, que chegou ao posto de coronel, y Louise Neckebecker, capitão de companhia; Nathalie Lemel, Aline Jacquier, Marcelle Tinayre, Otavine Tardif y Blanche Lefebvre, fundadoras da União de Mulheres, sendo que a última foi executada sumariamente pelas tropas da reação, e Joséphine Courbois, que havia lutado em 1848 nas barricadas de Lyón, onde era conhecida como a rainha das barricadas. Se deve citar ainda a Jeanne Hachette, Victorine Louvert, Marguerite Lachaise, Josephine Marchais, Leontine Suétens y Natalie Lemel.
Depois da derrota militar da Comuna de Paris de 1871, as forças conservadoras e reacionárias, na impossibilidade de eliminar este exemplo heroíco que demonstra a possibilidade de destruição da orden burguesa, disseminam uma grande campanha de calúnias contra o proletariado, as mulheres revolucionárias, os socialistas, os comunistas e em particular contra a I Internacional.
“Algumas fontes fazem referência às incendiárias, as pétroleuses, que atearam fogo aos edifícios públicos durante a Semaine Sanglante final da Comuna. Estas histórias parecem ser fruto do alarmismo antifeminista de inspiração governamental e a maoria dos correspondentes estrangeiros presentes não acreditaram. Não obstante, as tropas governamentais executaram de maneira sumária a centenas de mulheres, e inclusive lhes batendo até a morte, porque eram suspeitas de ser pétroleuses. Contudo, apesar do fato de que mais tarde se acusou a muitas mais mulheres de ser incendiárias, os conselheiros de guerra não encontraram nenhuma culpável desse delito. Sem dúvida, há provas que indicam que, durante os últimos dias, as mulheres aguentaram mais tempo detrás das barricadas que os homens. No total, foram submetidas 1.051 mulheres a conselhos de guerra, realizados entre agosto de 1871 e janeiro de 1873: oito foram sentenciadas a morte; nove a trabalho forçados e 36 a serem deportadas à colônias penitenciárias.” (TODD, 2000: 140-141).
A Comuna de Paris e a destacada participação feminina em atividades consideram até então, como masculinas, reafirma a força revolucionária da mulher, já desenhada a partir da revolução de 1789, e que se transformou em uma onda histórica mundial indestrutível. As mulheres, a partir da Comuna de Paris passam a contribuir com grande parte da força que coloca em movimento a máquina da revolução proletária, indicando que elas não mais deixariam a cena da luta dos explorados e oprimidos por uma nova sociedade de progresso social e de liberdade.
Madrid, inverno de 2001.
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1 – A SMRR, “foi o primeiro grupo político de defesa de interesses especificos de mulheres que se criou na Europa. Fundado por uma actriz e uma fabricante de chocolates, estava vinculado a ala esquerda dos enragés, lutava pelos interesses dos trabalhadores pobres e a maioria de seus membros era mulheres de trabalhadores pobres e a maioria de seus membros era mulheres trabalhadoras. Estas républicaines-révolutionnaires apoiavam aos montagnards em sua luta política com os girondinos e fundiam os interesses dos radicais de classe média com aqueles dos pobres de París.” (TODD, 2000: 132)
2 – Claire Lacombe foi atriz e depois da proibição da SMRR, por suas posições identificadas como burguesas, foi presa quando da ascensão dos jacobinos ao poder, sendo libertada em agosto de 1795.
3 – Pauline Léon foi fabricante de chocolate, e presa junto com Claire, logo depois da proibição da SMRR, sendo libertada em agosto de 1794, um ano antes de Claire.
4 – “Manon” Roland contribuiu na elaboração da política girondina e foi executada em novembro de 1793, quando do ascenso ao poder dos jacobinos.
5 – Etta Palm d´Aelders participou de forma destacada da campanha em defesa dos direitos das mulheres, dando destaque à igualdade na educação e no emprego.
6 – Olympe de Gouges como defensora radical dos direitos das mulheres, foi destacada militante revolucionária e morreu guilhotinada em 1793. Sua Declaração dos Direitos da Mulher é uma complementação – ou uma contraposição (?) – à Declaração dos Direitos do Homem, que não contemplou ou explicitou os direitos das mulheres.
7 – Théroigne de Méricourt teve uma atuação destacada na defesa dos princípios revolucionários e dos direitos das mulheres, clegando inclusive à defesa da formação de um batalhão só de mulheres armadas.
8 – Jeanne Déroin, foi costureira de profissão e militante de esquerda. “Quando Jeanne Déroin propôs apresentar-se como candidata demócrata nas eleições de maio de 1849, P.-J. Proudhon lhe declarou não apta porque os órgãos que as mulheres possuem para alimentar aos bebês não as faz apropiadas para o voto; ela respondeu pedindo-lhe para mostrar o órgão masculino que lhe facultava para o voto. Foi obrigada a fugir para a Inglaterra em 1851, depois do golpe de Luis Napoleão. Continuou sendo uma feminista ativa até sua morte com a idade de 89 anos.” (TODD, 2000: 138-139)
9 – George Sand foi “influenciada pelo socialismo de Saint-Simon, era uma republicana acérrima e partidária das barricadas e da revolução. Foi a intelectual mais conhecida de sua época, e muitos de seus 109 livros refletem suas idéias humanitárias. Ao princípio se associou com Armand Barbés, o líder radical do Clube da Revolução, mas em seguida se converteu em conselheira de Alexandre Ledru-Rollin, ministro do Interior do novo governo revolucionário, que editava os Boletines de la República que contribuiram para propagandear o republicanismo radical nas províncias” (TODD, 2000: 139).
10 – Matilde Franzizka Anneke foi a feminista que mais se destacou nos Estados Alemães. Iniciou sua atuação política como radical e aderiu ao comunismo. Depois do fracasso da Revolução Alemã de 1848 é obrigada a fugir para os Estados Unidos da América, onde continuou na luta feminista em defesa dos direitos das mulheres. (TODD, 2000: 139)
11 – Conhecido também como Código Napoleônico.
12 – Louise Michel militante socialista e fundadora da União de Mulheres, “comanda um batalhão feminino, que enfrenta a reação nas barricadas de Paris. Escapa da morte, é presa e comparece diante do Conselho de Guerra em 16-12-71. Seu julgamento é exemplo de firmeza e convicção revolucionária. Recusa os advogados designados e apresenta pessoalmente sua defesa, que na verdade, é a defesa da causa dos communards, ao dizer: “Não quero me defender. Pertenço toda à Revolução Social. Declaro aceitar a responsabilidade por meus atos (…) o que exijo de vós… é o campo de Satory, onde já tombaram meus irmãos. É preciso separar-me da sociedade, lhes dizeram que o fazeis, pois bem! O Comissário da República tem razão. Uma vez que, ao que parece, todo coração que bate por liberdade só tem direito a um pouco de chumbo, exijo minha parte! Se me deixarem viver, não cessarei de clamar vingança e denunciar, à vingança de meus irmãos, os assassinos da Comissão das Graças”. Reivindica morrer no Campo de Satory. O palco do mais odioso tratamento recibido pelos combatentes de Paris. Ali, na noite de 27 para 28 de maio, milhares foram massacrados pelas tropas de Versalhes. Louise não foi condenada à morte, foi deportada para a Nova Caledônia. A anistía votada a 11-7-1880 a beneficia. Voltou para a França, onde reassumiu, imediatamente, seu posto de combate, em defesa dos oprimidos. Participou e dirigiu várias manifestações de operários e desempregados. Presa várias vezes, foi condenada, em 1883, a seis anos de prisão. Liberta, morre em 1905. Recebeu inúmeras manifestações de reconhecimento dos trabalhadores de Paris e de toda França. Foi enterrada com o estandarte da Comuna. Louise Michel, mesmo pensando a questão da mulher ainda o faz de forma unilateral, distinguindo-lhe só como um recurso direto e mecânico do fim da opressão de classe, sem compreender sua dimensão específica. Louise é um símbolo da participação da mulher nas lutas sociais em defesa do progresso e do Socialismo. Não foi só uma lutadora de ações práticas. Professora formada, escreveu várias obras onde revelou seu pensamento revolucionário, entre elas “Memórias e a Comuna”, em 1898”. (MARTINS, 1991: 48)
13 – Elizabeth Dmitrieff “filiou-se a Internacional aos 17 anos e se fez amiga de Marx. Chegou a ser uma das sete componentes do comitê executivo da União de Mulheres. Ao final fugiu para a Suiça.” (TODD, 2000: 142)
14 – André Leo, influenciada pelas idéias blanquistas, se dedicava ao jornalismo e com a derrota da Comuna, se exila na Suiça.
15 – Beatriz Excoffon começou a desenvolver suas atividades políticas a partir do cêrco de Paris. Em princípios de abril de 1871 foi uma das organizadoras de uma marcha composta por aproximadamente 800 mulheres que tentaram sem êxito impedir que o governo de Thiers atacasse Paris. Com a derrota da Comuna, foi presa e deportada.
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Professor de Sociologia e Ciência Política na Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Doutorando na Universidad Complutense de Madrid. É autor de Tendências e Centrais Sindicais: o movimento sindical brasileiro de 1978 a 1994 (1995); Comuna de París: o proletariado toma o céu de assalto (1998), e Revolução e Contra-Revolução na França (1999), publicados pelas Editoras da Universidade Católica de Goiás (Goiânia) e Anita Garibaldi (São Paulo). É organizador de: Estado e poder político: do realismo político à radicalidade da soberania popular (1998. Editora da Universidade Católica de Goiás) e Concepções e formação do Estado brasileiro (1999. Editora Anita Garibaldi). E-mail:
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