BALA PERDIDA
Olho a rua, bem aqui na minha frente
No ar o cheiro de mar; na rua gente
Humildes, atentos, contritos, decentes
E eu a vê-los do meu covil, qual serpente
Ninguém me vê, a não ser a morna
Brisa, que a tudo permeia; os sons
Dos sapatos nesta rua, com gente
Sem rostos, sem sonhos, será?
Uma menina pegada à saia
Da mãe, trouxa de roupas à cabeça
E poucos dentes na boca faminta
Parece vi colibri, azul como o firmamento
Um silvo breve se ouve, bala perdida
Meus olhos captam a imagem do meu final momento
Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 7 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de três outros publicados em antologias junto a outros escritores.