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    Comunicação

    Poema Araguaiano

    Era um tempo de tirania, opressão e submissão ao estrangeiro. Era um tempo de porões e cancelas, todos os canais de respiração política estavam suprimidas, as greves proibidas, a classe operária impedida de reinvindicar direitos minímos, os sindicatos interditados, a imprensa censurada, estudantes perseguidos e artistas exilados. Na cotidiana ação do aparato repressor os assassinatos […]

    POR: Paulo Fonteles Filho

    Era um tempo de tirania,
    opressão
    e submissão ao estrangeiro.

    Era um tempo de porões
    e cancelas,
    todos os canais de respiração política
    estavam suprimidas,
    as greves proibidas,
    a classe operária impedida de reinvindicar
    direitos minímos,
    os sindicatos interditados,
    a imprensa censurada,
    estudantes perseguidos
    e artistas exilados.

    Na cotidiana ação do aparato repressor
    os assassinatos de presos políticos
    nos Dops e nos DOI CODI
    em suas infâmes câmaras
    de tortura.

    Impraticável era a luta política nas cidades.

    O ato institucional número cinco
    impôs contra o povo
    o regime do terror.

    Em condições adversas,
    difíceis,
    o Partido procurou cumprir
    com seu dever (porque é integrado
    com as raízes de nosso povo)
    buscando preparar o fim da vilania,
    dos grilhões,
    da traição da pátria
    e da barbárie.

    Mata adentro
    teu nome é juventude.

    Epopéia de fuzis nas mãos
    teu nome é Araguaia.

    Pela luta armada enfrentastes
    a ditadura terrorista.

    Canto para ti, lúcido guerrilheiro,
    porque emprendestes as energias revolucionárias
    preparando a liberdade
    insurgente.

    Canto para ti, altivo lutador,
    porque convivestes com as massas camponesas
    exploradas e oprimidas
    e a dor de sua revolta
    sentiu profundamente.

    Canto para ti, abnegado combatente,
    porque descobristes os segredos da floresta
    e dela sustentastes
    a generosa resistência.

    Canto para ti, coração comunista,
    temperado na luta de classes,
    irreconciliável inimigo
    dos inimigos
    da manhã.

    Canto para ti, bravo proletário,
    soldado do povo
    e do progresso.

    Mata adentro
    teu nome é juventude.

    Epopéia de fuzis nas mãos
    teu nome é Araguaia.

    Tens sentido profundo, jornada gloriosa,
    porque expressastes
    que o problema da luta
    é também de compreensão científica
    dos problemas que enfrenta
    o lavrador.

    És como um elo na longa cadeia
    dos encandescentes combates populares.

    Revelastes, contenda de dimensões históricas,
    os dignos princípios da civilização
    e a tua justeza encontou, altaneira,
    a necessária alvorada.

    Deixastes, contingente decidido,
    vanguarda do povo brasileiro,
    a rebelde centelha
    da libertação.

    Mata adentro
    teu nome é juventude.

    Epopéia de fuzis nas mãos
    teu nome é Araguaia

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