O relator da Reforma Política na Câmara, deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), afirmou nesta quinta-feira (19) que seu "foco" é diminuir o poder de influência das empresas nas eleições disputadas no Brasil. Em palestra para sindicalistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em São Paulo, ele disse que um plebiscito sepultaria a reforma.

– Minha proposta é ter foco, e qual é ele? Suprimir o poder econômico da democracia. Isso vale mais do que qualquer mudança de regra, como votos em lista fechada.

Ele disse que seu objetivo é esse porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria uma exceção à regra.

– Pobre chegar ao poder é cada vez mais raro porque os gastos são tantos que as campanhas quase duplicam de eleição para eleição. Ele não é um sistema que garante a igualdade.

Para ele, a solução é acabar com o financiamento privado de campanha e privilegiar o financiamento público.

– O sistema privado de financiamento de campanha não tem teto. Quem puder gastar 10 vezes mais que outro candidato pode, mas isso desequilibra as eleições. Para combater a corrupção, defendo o financiamento exclusivamente publico de campanha para sobrar dinheiro para a saúde e educação.

Para evitar que empresas fechem "uma lista de candidatos para patrocinar" e depois peçam a conta por meio de favorecimento no Congresso, ele sugere a criação de um "fundo geral dirigido pela Justiça Eleitoral".

– Empresas sérias que quiserem financiar depositam no fundo geral, não na conta de um candidato ou outro. Se cair o financiamento privado é um indicativo que está errada a forma feita hoje. Se aumentar, teremos menos dinheiro publico gasto em campanha.

O relator também defende o voto proporcional misto, que, diz ele, daria "dois votos ao eleitor: a escolha do partido que você mais se identifica e a escolha do candidato que você prefere dentro desse partido". Ele também é contra o plebiscito para a reforma política "porque ela vai sepultar a reforma".

– Vamos colocar um plebiscito depois de duas eleições. Aí o povo vai poder dizer se prefere o jeito atual ou o atualizado.