Foro de São Paulo: unidade, projetos alternativos e integração
Primeiro, pois segundo o companheiro Luís Inácio Lula da Silva e outros fundadores do Foro como o anfitrião Daniel Ortega, comandante da revolução sandinista de 1979 e atual presidente do país, nunca estivermos tão unidos. Lula relatou, em sua intervenção durante uma sessão especial do Encontro, outros momentos em que havia sérias divergências entre os partidos-membros.
A unidade da esquerda latino-americana e caribenha
Em sua intervenção na plenária final do Encontro, a vice-presidente nacional do PCdoB e deputada federal Luciana Santos, afirmou que “o mais importante é que a tendência atual que se desenvolve na América latina e no Caribe tem um sentido antineoliberal e antiimperialista comum. O fundamental para o êxito destas forças, ao longo de nossa história continental, tem sido a unidade”.
Luciana Santos discursa na planária final do Foro
Luciana ressaltou que “a partir da diversidade política e ideológica das forças de esquerda e progressistas na América Latina, e as diferentes realidades nacionais, alcançamos uma inédita unidade no processo latino-americano e neste Encontro do Foro de São Paulo”.
Projetos alternativos e o rumo socialista
O segundo motivo pelo qual o Foro de São Paulo vive um momento inédito e histórico é a continuidade e o aprofundamento da tendência antineoliberal e anti-imperialista, iniciada com a vitória de Hugo Chávez na Venezuela em 1998.
Em toda a América Latina e Caribe, lutamos pelo êxito da Revolução Cubana e destes governos nacionais (Argentina, Brasil, Bolívia, El, Salvador, Equador, Nicarágua, Paraguai, Venezuela e Uruguai), cabendo a todos do Foro de São Paulo a tarefa de lutar contra as ameaças e pressões imperialistas, derrotar a direita nos próximos embates, como o próximo que teremos no Peru no início de junho, e continuar avançando.
Estes governos nacionais representam uma parcela de poder e inauguram o desafio de construir não somente uma maior democratização, mas também, em termos estratégicos, um novo poder popular que assegure para o processo um rumo socialista. Para isto, é necessário um diferenciado e prolongado processo de acumulação de forças, no qual uma das principais tarefas é a exigência de atualizar e renovar a teoria revolucionária, com princípios, mas sem dogmatismo, e no curso destas experiências de projetos alternativos, partindo da nova realidade nacional e continental.
Para o intuito acima temos a contribuição do Seminário do Foro de São Paulo intitulado “Governos de esquerda e progressistas na América Latina e Caribe: balanço e perspectivas”, que ocorre de 30 de junho a 3 de julho, no Rio de Janeiro, promovido pelas Fundações Perseu Abramo e Maurício Grabois.
Avança a integração continental
O terceiro motivo que caracteriza como histórico este Encontro em Manágua é a aceleração da integração regional e a criação da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).
Em um curto período histórico, se contarmos desde 1990, ano da fundação da Foro de São Paulo, alcançamos grandes conquistas. Desde sua primeira declaração, a Declaração de São Paulo, o Foro defende a criação de uma organização continental de integração.
No final de 2008, na Bahia, como disse nosso ex-ministro e companheiro Celso morim, pela primeira vez os países da América Latina e do Caribe se reuniram por conta própria, com a participação de Cuba, e sem a participação dos EUA e do Canadá, e deram um grande passo na ruptura com o “pan-americanismo" hegemonizado pelos EUA – surgindo na ocasião a ideia constituir a Celac.
Depois da segunda reunião de presidentes no México em 2010, agora a Celac será criada institucionalmente em julho deste ano em Caracas, na Venezuela bolivariana. O ministro das Relações Exteriores e dirigente do PSUV da Venezuela, Nicolas Maduro, destacou em sua intervenção no Foro de São Paulo, a importância da reunião de presidentes dos dias 5 e 6 de julho. O comandante presidente Raul Castro, em seu informe ao recente congresso do Partido Comunista de Cuba, disse que a criação da Celac é o mais transcendental acontecimento dos últimos cem anos.
Foi assim, com muita unidade, confiança e espírito de luta, que transcorreu o 17º Encontro do Foro de São Paulo. O próximo Encontro do Foro será na Venezuela, em julho de 2012.
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Ricardo Alemão Abreu é secretário de Relações Internacionais do PCdoB
Fonte: Portal Vermelho