Os índices dos gerentes de compras para a região de 17 países mostraram que a Alemanha e a França não conseguiram, neste mês, manter o ritmo forte de expansão visto no início do ano.

Aumentos dos preços do petróleo e alta da inflação, a crise da dívida da zona do euro e o impacto do terremoto no Japão podem, todos, ter feito as suas vítimas, disseram economistas.

Os índices são vistos como uma provável sinalização das tendências para os próximos meses e os fracos dados de maio poderão esvaziar o otimismo gerado por notícias de que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro cresceu 0,8% no primeiro trimestre. No entanto, o crescimento pode simplesmente ter baixado para um ritmo mais sustentável, após um surto excepcional no início do ano. Marco Valli, economista-chefe do UniCredit para a zona do euro, disse: "Isso não deve ser visto como início de uma recessão, mas sim como uma fase de consolidação da recuperação, num momento de disparada dos custos de energia".

Chris Williamson, economista-chefe da Markit Research, que produz a pesquisa, disse que as leituras dos últimos dois meses "sugerem que o crescimento provavelmente desacelerou apenas modestamente no segundo trimestre, tendo o PIB crescido talvez 0,7%".

Mas ele advertiu que o crescimento e as tendências do mercado de trabalho permanecem desiguais e "alimentados pela França e pela Alemanha, enquanto o resto da região registrou uma quase estagnação da produção em maio e uma nova queda no emprego".

As pressões inflacionárias também diminuíram, segundo a Markit, com crescimento mais lento nos custos dos insumos para as empresas, disso resultando que um número menor delas elevou os preços de venda de seus produtos do que em meses anteriores.

É improvável que essa mais recente pesquisa mude a postura do Banco Central Europeu (BCE) segundo a qual a recuperação da zona do euro é sólida e capaz de suportar mais aumentos dos juros para decapitar possíveis riscos de inflação. O BCE elevou sua principal taxa de juros de 1% para 1,25%, em abril. Outro aumento é amplamente esperado para julho.

O índice "composto" dos gerentes de compras da zona do euro, que abrange os setores de manufatura e serviços, caiu para 55,4 em maio, de 57,8 em abril, o mais baixo em sete meses.

A Alemanha teve uma desaceleração acentuada, puxada pela indústria de transformação, mas isso pode ter sido em grande parte reflexo uma correção técnica, depois de um primeiro trimestre muito aquecido. O índice composto alemão caiu 59,2, para 56,4.

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Fonte: Financial Times, no Valor Econômico