Um ano depois da entrada do FMI, a taxa de desemprego grega ultrapassa já os 15 por cento e a recessão aprofunda-se tendo o banco central grego previsto uma queda da economia de 3 por cento em 2011 – o terceiro ano consecutivo de recuo do PIB. Foto: Faixa em grego "FMI Go Home" ("FMI fora daqui").

Do Esquerda.net

As novas medidas de austeridade, incluindo um rol de privatizações, vão ser discutidas no Parlamento nas próximas semanas, segundo refere a decisão aprovada esta segunda-feira numa longa reunião do conselho de ministros, referiram à agência EFE responsáveis governamentais.

Entre as decisões aprovadas inclui-se a privatização da Caixa Postal de Poupanças (um banco postal), os portos de Atenas e Salónica, os serviços de água potável de Salónica e de Atenas, a empresa telefónica nacional e o casino de Atenas. Em paralelo, vai ser prorrogado o aluguer do aeroporto internacional de Atenas “Elefterios Venizelos”. São ainda aumentados os impostos sobre o gás natural e as bebidas alcoólicas.

Os pagamentos adicionais mensais dos funcionários públicos e pensões vão ser reduzidos, e ainda aumentadas em 20 por cento as licenças para a circulação de automóveis.

De facto, o próprio primeiro-ministro grego, George Papandreou,já tinha alertado, este fim-de-semana, que a Grécia poderá colapsar, já em Junho, se o país não receber a quinta tranche do empréstimo trianual concedido em Maio de 2010 concedido pela União Europeia e FMI, no valor de 12 mil milhões de euros.

“A verdade é muito difícil e se não recebermos o dinheiro até 26 de Junho, seremos obrigados a fechar a loja e a declarar a impossibilidade de pagar as nossas obrigações”, disse Yorgos Papaconstantínu, ministro das Finanças, numa entrevista.

Juncker defende criação de uma agência para as privatizações independente do Governo grego

Numa entrevista à Der Spiegel, publicada esta segunda-feira no site em língua inglesa da revista alemã, o presidente do eurogrupo, Jean-Claude Juncker, dizia que a Grécia tem de reduzir aquilo a que chama de “burocracia do Estado” e dar início ao plano de privatizações (para encaixar 50 mil milhões de euros), medidas que o também primeiro-ministro luxemburguês volta a defender como essenciais para a Grécia reduzir o seu défice orçamental deste ano – cuja estimativa a Comissão Europeia já reviu em alta, de 7,5 por cento para 9,5 por cento.

Prolongar os termos do empréstimo e reduzir as taxas de juro – aquilo a que Juncker já apelidara como uma “reestruturação suave da dívida” – pode ser uma opção “em casos específicos e só em determinadas condições”.

Contudo, o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, disse esta terça-feria que a reestruturação da dívida grega implica riscos "muito grandes" para o euro. Christian Noyer, do Banco Central Europeu, afirmou que a reestruturação da dívida grega será um "filme de terror".

Juncker defende, para a Grécia, a criação de uma agência para as privatizações independente do Governo e que inclua então responsáveis estrangeiros, na linha da agência, criada por Berlim, que esteve responsável pelas privatizações do Leste alemão no pós-queda do Muro de Berlim.

Taxas a 10 anos em novos máximos históricos em Portugal, Grécia e Irlanda

Esta terça-feira, a dívida de Portugal acompanha a dívida da Irlanda e da Grécia que também batem recordes nas taxas a 10 anos.

Já esta segunda-feira, os juros das Obrigações do Tesouro de Portugal subiram em todos os prazos, acompanhando a Grécia, a Espanha e a Itália.

Os mercados estão a reagir ao agudizar da crise grega, ao cenário de eleições legislativas em Espanha, após a derrota do partido de Zapatero nas regionais, e à ameaça da Standard & Poor's (S&P) de baixar o 'rating' da Itália, dizia o Diário Económico esta segunda-feira.

Olhando para os juros gregos o cenário foi ainda mais negro. As maturidades mais curtas – 2, 3, 4 e 5 anos – disparam mais de 60 pontos-base. Isto depois de a Fitch ter cortado em três níveis o ‘rating' do país, na passada sexta-feira.

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Fonte: Esquerda.net