O Nordeste contribui com 13% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e com 47% da renda per capita, mas historicamente tem recebido bem menos recursos. "Se no Brasil a taxa de investimento deveria ser de pelo menos 25% do PIB – e não passa dos 20% -, no Nordeste essa taxa deveria ser de 30%", comentou ontem o chefe da Representação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Constantino Mendes, ao participar do seminário Brasil em desenvolvimento: Estado, planejamento e políticas públicas, na Fundação Joaquim Nabuco, bairro de Casa Forte.

Significa que o Nordeste deveria contar, a cada ano, com cerca de R$ 120 bilhões em investimentos, ou um PAC por ano. O Programa de Aceleração do Crescimento prevê a aplicação de R$ 116 bilhões na região em três anos, no período 2008-2011, em projetos como a Ferrovia Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco. Em conjunto com os aumentos reais no salário mínimo e o programa Bolsa Família, os investimentos do PAC dinamizaram a economia nordestina, mas ainda é pouco.

"Os gastos públicos per capita no Nordeste continuam inferiores à média nacional. A região está consumindo mais, é verdade, mas percebemos um avanço nas importações. Estamos estimulando a economia e a produção do Sul-Sudeste via consumo e comércio. Mesmo os empregos gerados se concentram no comércio e na construção civil, ou seja, são de baixa qualidade", criticou Constantino.

Os financiamentos do Banco do Nordeste e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também ajudam, mas não resolvem. O chefe do Departamento Nordeste do BNDES, Paulo Guimarães, mostrou que os desembolsos no Nordeste chegaram a R$ 17,2 bilhões em 2010. "A participação que era de 8% em 2008 passou para 12% este ano, mas ainda precisamos avançar mais".

O economista Luís Henrique Romani de Campos, da Fundaj, lembrou que a desigualdade de renda no Nordeste é, ao mesmo tempo, geográfica e entre pessoas. "Isso tem a ver com a política governamental que começa lá nos anos 1950, que é a atração de empresas que se concentram em polos".

Luís Henrique defendeu que a interiorização do desenvolvimento deve se dar em paralelo à interiorização das universidades, do contrário o ciclo de concentração e desigualdade continuará. "Não é porque um arranjo produtivo local está indo bem que a região do entorno vai melhorar", afirmou.

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A informação é do Diário de Pernambuco