Profecia auto-realizável: especulação bota Itália contra a parede
O principal índice da Bolsa de Valores de Milão caiu 3,96%, após ter perdido 3,5% na sexta-feira. As bolsas européias ficaram no vermelho: o índice DAX, de Frankfurt, caiu 2,33% e a Bolsa de Lisboa perdeu 4,4%.
As quedas, segundo analistas, foram provocadas pela especulação em torno do enfraquecimento do governo italiano por escândalos políticos. Assim, a Itália não conseguiria implementar um plano de cortes de gastos, exigido pelos credores para terem garantia de que receberão seus empréstimos.
O ministro das Finanças italiano, Giulio Tremonti, apresentou um plano de cortes orçamentários de 48 bilhões de euros (quase R$ 107 bilhões) para os próximos três anos. Os títulos da dívida pública italiana se desvalorizaram e as agências de classificação de risco já alertaram que podem rebaixar a nota dos papéis emitidos pelo governo de Roma.
"É a típica irracionalidade dos mercados. Os títulos italianos hoje pagam juros de alto risco, mas em nenhum momento o país teve dificuldade para fazer frente a seus compromissos", disse um analista à BBC.
O Eurogrupo vai apresentar em breve propostas para alargar os prazos dos empréstimos aos países europeus, bem como para reduzir as taxas de juro associadas a esses empréstimos. Os ministros das Finanças reafirmaram o seu empenho em salvaguardar a estabilidade da Zona Euro e afirmaram estar prontos a adotar mais medidas para melhorar a capacidade sistêmica da Zona Euro para reagir a contágios, o que inclui aumentar a flexibilidade e a capacidade do fundo europeu de estabilização financeira (FEEF).
A reunião fora convocada no fim de semana pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. Além dele, participaram da reunião em Bruxelas o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, o chefe dos ministros das Finanças da Zona do Euro, Jean-Claude Juncker, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, e o comissário da União Européia para Assuntos Econômicos, Olli Rehn.
O novo pacote de ajuda à Grécia vem sendo negociado há várias semanas, mas até agora não houve um consenso entre os países da zona do euro e representantes dos credores sobre as condições para a sua aprovação. Autoridades européias temem que um atraso grande na aprovação do plano possa prejudicar a situação de outros países da região que também enfrentam dificuldades financeiras, como Portugal, a Espanha e a Irlanda, além da Itália.
A Itália tem uma das economias menos dinâmicas da Europa. Em 2010, o PIB italiano ficou em US$ 2,05 trilhões, já ultrapassado pelo do Brasil, de US$ 2,09 trilhões, segundo dados do FMI. A dívida pública italiana equivale a 120% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Entre os países da Zona do Euro, esse percentual só é menor que o da Grécia, cujo endividamento atinge 150%.
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A informação é do Monitor Mercantil