A entrada de investimentos diretos, considerados positivos por financiar projetos no País, atingiu a maior marca histórica no primeiro semestre deste ano, US$ 32,5 bilhões, cobrindo o déficit de R$ 25,5 bilhões nas contas externas. Em 2010, o Brasil já havia saltado da 15.ª para a 5.ª posição no ranking mundial dos destinos de IED, revelou a ONU na semana passada.

Julia Braga, técnica do Ipea, conta que a aplicação pelo Ipea de um modelo econométrico desenvolvido na Universidade Federal de Uberlândia aos números recentes revelou alta na volatilidade das operações de IED no País a partir do fim de 2010, quando o governo elevou de 2% para 6% a alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre aplicações de renda fixa e empréstimos externos curtos.

A instabilidade no fluxo dos investimentos diretos, que tende a ser mais regular por seu aspecto de longo prazo, mais do que dobrou este ano na medição do Ipea. Para Júlia, isso pode ser um sinal de que parte dos investimentos em renda fixa está se disfarçando de IED para se livrar da tributação e aumentar a rentabilidade das operações.

Essa alta variância é característica de fluxos de curto prazo, cuja atração pelo País aumenta com a alta de juros. "É uma hipótese que estamos levantando. Ainda não podemos ser taxativos, pois há interesse real por investimentos produtivos apostando no crescimento do Brasil. É muito difícil separar o IED real do que pode estar apenas burlando a taxação", diz Julia, lembrando que o movimento é parecido com o que antecedeu a crise de 2008. "O prejuízo para o País é esse fluxo excessivo de capitais que pressiona a valorização do real não se converter todo em aumento de capacidade ou internalização de tecnologia."

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo