O economista Paul Krugman afirmou que a queda do Dow Jones de quinta-feira, a maior desde Fevereiro de 2009, mostra que “a economia não está a recuperar”, considerando que “Washington está preocupada com as coisas erradas”.

Num artigo de opinião publicado no The New York Times, o Nobel da Economia de 2008 alertou que não se trata apenas da ameaça de o regresso da recessão [‘double dip’] se tenha tornado “muito real”, considerando que agora “é impossível negar” que a economia “não está e nunca esteve a caminho da recuperação”.

Sublinhando que nos últimos dois anos a Reserva Federal (Fed), e mesmo a Administração Obama, insistiu que a economia norte-americana estava a crescer, Krugman acusa as autoridades de culparem ora os gregos ora o maremoto no Japão pelos problemas do país, uma opção que deixou de existir.
“Mas a economia não estava a crescer”, ainda que “oficialmente a recessão tenha acabado há dois anos” e que “a economia tenha saído de facto de uma espiral aterradora”. No entanto, nunca se registou um crescimento “nem remotamente adequado, tendo em conta a dimensão da queda inicial”.

Krugman recorre aos números do emprego para corroborar esta afirmação: em Junho de 2007, cerca de 63% da população adulta estava empregada; em Junho de 2009, “o fim oficial da recessão”, esse rácio desceu para os 59,4% e em Junho deste ano, “dois anos de alegada recuperação”, voltou a cair para os 58,2%.

O economista diz mesmo que esta é uma “catástrofe humana”, uma vez que não se trata apenas de questões orçamentais, alertando que o desemprego de longa duração “vai reduzir as receitas futuras do governo”.

Apontando responsabilidades aos republicanos, à administração Obama e à Fed, Krugman defende que a solução passa por fazer da criação de emprego a maior prioridade.

“Os juros e os preços das acções dizem que os mercados não estão preocupados nem com a solvência nem com a inflação dos Estados Unidos. Eles estão preocupados com a falta de crescimento norte-americano e eles estão certos”, escreveu.

Para Krugman, “é tempo – mais do que tempo – de olhar seriamente para a crise real que a economia enfrenta”. Por isso, “a Fed precisa de parar com as desculpas e o presidente precisa de apresentar verdadeiras propostas criadoras de emprego e, se os republicanos bloquearem essas propostas, [Obama] tem de seguir o estilo de Harry Truman e fazer campanha contra a política republicana de não fazer nada”.

No entanto, “isto pode ou não resultar”. O que já se sabe – acrescenta – é o que não está a funcionar: “A política económica dos dois últimos anos e os milhões de norte-americanos que deviam ter trabalho e não têm”.

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Fonte: Jornal de Negócios