As taxas de juros mundiais são compostas por dois componentes: a taxa básica de juros mundial (a remuneração dos títulos norte-americanos) mais um fator de risco aplicável a cada país, de acordo com seu rating (classificação de risco), também conferido pelas agências de risco.

Mesmo sem a influência do rating, como os títulos norte-americanos são os mais líquidos e seguros do mundo, os investidores só irão para outros ativos (moedas e commodities) que proporcionem rentabilidade superior.

O rating do país, por sua vez, influencia toda a estrutura de captação das empresas nacionais. Portanto, uma elevação da remuneração dos títulos do Tesouro norte-americana impacta toda a estrutura de renda fixa nos mercados globais.

É evidente que o risco dos títulos norte-americanos é próximo de zero. Tanto assim que a reação dos mercados, depois do efeito manada que se seguiu à irresponsabilidade da S&P foi… fugir para títulos do Tesouro norte-americano.

En função da crise de 2008, as taxas básicas de todas as grandes economias estão próximas de zero. Ao incluir esse inacreditável fator risco nos títulos dos EUA, o que a S&P pretendeu foi inflar a cadeia de transmissão das taxas de juros globais através da segunda perna da composição de juros.

Um segundo fator a se considerar é a influência dos juros norte-americanos sobre os ativos reais.

Embora com grande componente especulativo, esses ativos são diretamente influenciados pelas taxas de juros internacionais. A lógica é simples. Para sair da renda fixa, os investidores pretendem ganhos compatíveis com o risco de ir para mercados de ativos.

Há dois métodos de precificação do valor das empresas – o fluxo de caixa descontado e o de múltiplos de seus resultados.

Se a taxa de juros é mais baixa, o preço dos ativos sobe – porque os investidores teoricamente aceitarão rentabilidade potencial menor. Se a taxa de juros aumenta, o preço dos ativos cai.

Depois detalho as contas. Mas a lógica é a seguinte.

Suponhamos que um determinado ativo (ação de empresa) renda R$ 3,00 por ano. Se o investidor pretende uma rentabilidade de 15% ao ano, por exemplo, o valor da empresa será X. Se aceitar 10% ao ano, o valor da empresa será maior.

Por isso, a decisão da S&P impacta também toda a estrutura de ativos dos mercados globais, já afetados pela perspectiva de recessão nas economias globais. Enfim, é um jogo que tem como vilões centrais essas agências.

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Fonte: Luis Nassif Online