Fim

Ó tempos de incerta esperança
que assim vos desacreditastes!
Cresceram nuvens sobre a lua
e o vento passou pelas hastes.

Vinde ver meu jardim sem flores
no presente nem no futuro,
e a mão das águas procurando
um rumo pelo solo escuro!

Vinde ouvir a história da vida
no sopro da noite deserta.
Caíram as forças das vozes
dentro da última estrela aberta.

Ai! tudo isto, é a letra do horóscopo…
E só tu, Estátua, resistes!
– Mas, embora nunca te quebres,
terás sempre os olhos mais tristes.

Cecília Meireles Obra Poética
Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar S/A, 1987