Meus Cúmplices

Bicudos que na minha infância
Fizeram minha alegria
Cantavam nas «minhas» matas
Toda tarde, todo dia!

Caboclinho, como eu
Vive cantando adoidado
Seguindo a vida em frente
Com uma bela fêmea ao lado.

Meu canarinho da terra
Símbolo do meu país
Queria que sobrevivesse
Para encantar esses Brasis.

Cardeal, sua elegância
E cantada em verso e prosa
Tu és muito mais bonito
Que a mais bonita rosa.

Ai que saudade que tenho
Do coleirinha papa-capim
Queria não esquecer dele
Nem ele esquecer de mim.

Cantor-mór do meu país
Bonito, pequeno faceiro
E meu curió avinhado
Que encanta o mundo inteiro.

Ai que saudades que tenho
Debaixo dos mamoeiros
Var os sanhaços e saíras
Comendo frutas o dia inteiro.

O Passarim é sabido
E faz coisas lá no mato
Canta, pula, enternece
-Só que come carrapato!

Os «arlequins» canarinhos
Estão ficando branquinhos
Outros negros ou marrons
Mas, todos são tão lindinhos.

Patativa está cantando
Para alívio de quem chora
-Se canta pra consolar-me
Patativa, vá embora!

No final de agosto
O pintassilgo namora
-Até parece Don Juan:
Bem-vestido à toda hora.

Ai que saudades que tenho
Daqueles tempos fagueiros
Em que o sabiá laranjeira
Cantava no meu terreiro.

Tico-tico está reinando
Nos lugares que eu reinei
Mas, te vejo tão sozinho:
-Cadê o tico-tico rei?

Onde está o meu pixarro
Trinca Ferro de uma figa
Vê se pára de brigar
Vem ninar a minha amiga.

Antônio Carlos Affonso dos Santos -ACAS