Exposição apresenta destaques femininos nas ciências na Fundação Gilberto Freyre
Elas deram o pontapé inicial para a expansão dos estudos das Ciências Naturais entre as mulheres, no Brasil, numa época de pouca evolução social feminina e hoje são destaques de mostra na Fundação Gilberto Freyre, organizada pelo Museu Louis Jacques Brunet, que acontece até o próximo domingo (dia 25). Integrando a 5ª Primavera dos Museus, a exposição “Mulheres, Museus e Memórias” traz um retrato de três importantes nomes internacionais que foram fundamentais no cenário brasileiro: Marianne North (1830-1890), a princesa Therese von Bayern (1850-1925) e Emília Snethlage (1868-1929). “Queremos mostrar o pioneirismo destas mulheres nas ciências naturais no mundo e sua contribuição para o Brasil, entre o período de 1880 a 1910, numa época em que as mulheres tinham pouco destaque na sociedade brasileira como um todo”, destaca a coordenadora do Museu Louis Jacques Brunet, Ana Catarina Sales.
A frente de seu tempo, elas foram não só pioneiras na introdução do público feminino neste campo, como seus trabalhos repercutiram de forma exponencial. Zoóloga, etnóloga e botânica, Therese von Bayern (conhecida como Princesa da Baviera), por exemplo foi uma das mais relevantes estudiosas da natureza e da etnografia do Brasil e cujo trabalho influenciou não só este campos de pesquisa como também a moda internacional. A inglesa Marianne North não só foi um destaque expressivo na pintura natural como também para a botânica e para a zoologia com um dedicado e importante registro de plantas e flores em seu ambiente natural a partir de viagens ao redor do mundo e de uma estadia de um ano no Brasil, em que registrou quase mil espécies de plantas, muitas das quais ainda pouco conhecidas na época. A naturalista e ornitóloga Emília Snethlage teve uma brilhante trajetória científica com ênfase no trabalho de campo ao longo de mais de três décadas, que resultou em 43 artigos publicados, no Catálogo das aves amazônicas (1914) e na ocupação do Museu paraense Emílio Goeldi (1914-1921), como a primeira mulher a assumir a direção de uma instituição de pesquisa na América do Sul.
Estão destacadas Marianne North, a princesa Therese von Bayern (1850-1925) e Emília Snethlage (1868-1929), que diferente de várias outras mulheres cientistas da época como Marie Curie, concentraram suas pesquisas no Brasil e representam as pioneiras no cenário nacional no final do século XIX ao início do século XX. Depois dos trabalhos realizados por esses três ícones, nomes despontaram no cenário científico do país como o da tcheca Johanna Döbereiner e as brasileiras Amélia Pedroso Benebien, Rita Lobato Lopes e Antonia Dias (que foram as três primeiras mulheres a se formarem médicas no país) e a zoóloga Bertha Lutz, que representou o Brasil, em 1919, no Conselho Feminino Internacional, órgão da Organização Internacional do Trabalho.
A mostra foca-se num pequeno registro histórico e profissional destas personalidades das ciências, ressaltando sua importância para o desenvolvimento das ciências naturais, seus trabalhos e suas contribuições para a sociedade e para a o campo científico. A visitação está aberta ao público, das 9h às 17h, na Fundação Gilberto Freyre. Levantamento de informações e agendamento pode ser realizado pelo telefone (81) 3441.2883. A Fundação Gilberto Freyre fica na Rua Dois Irmãos, S/N, na Villa Santo Antonio, em Apipucos.
5ª Primavera dos Museus – A iniciativa deste ano, que acontece entre os dias 19 e 25 de setembro, terá a participação de 589 instituições, que promoverão 1.779 atividades em 310 cidades de todas as regiões do País. Com o tema Mulheres, Museus e Memórias, a edição deste ano abre espaço para a indagação sobre como o gênero, a mulher e o feminino estão sendo pensados na contemporaneidade.
Coordenada pelo Ibram e realizada pelas instituições museológicas brasileiras, a Primavera dos Museus acontece anualmente no início da primavera, com o objetivo de sensibilizar as instituições museais e a comunidade para o debate sobre temas da atualidade.
Nos anos anteriores, a Primavera dos Museus ofereceu mais de três mil ações organizadas por museus e instituições culturais de todo o país. Seminários, exposições, oficinas, espetáculos musicais, de teatro e de dança, mesas-redondas, visitas guiadas e exibições de filmes são alguns dos eventos realizados. Os temas das últimas edições foram Meio Ambiente, Memória e Vida; Museus e o Diálogo Intercultural; Museus e Direitos Humanos e Museus e Redes Sociais.
Perfil do Museu – O Museu Louis Jacques Brunet existe há mais de 100 anos e fica localizado no Ginásio Pernambucano, que é uma escola de referência em Educação Integral no Estado. Ele é o primeiro Museu de Ciências Naturais de Pernambuco e do Norte/Nordeste e surgiu da iniciativa do cientista Louis Jacques Brunet (naturalista francês que veio ao Recife em 1852 para estudar a fauna e flora americana), o regedor do Ginásio (chamado de Ginásio Provincial naquela época), pelo governo imperial de D. Pedro II e o Governador da Província José Alexandre Barbosa Lima.
Hoje, o Museu Louis Jacques Brunet mantém um dos maiores acervos de história natural do Estado, decorrentes dos estudos do seu grande entusiasta com mais de cinco mil peças na área de botânica, geologia e zoologia – com animais preservados sobre a técnica da taxidermia (empalhamento). Conta com o apoio do Instituto de Co-responsabilidade pela Educação e o Governo do Estado e do Consulado Geral da República da Alemanha no Recife e ainda mantém parceria com outras organizações e instituições como a SBPC/PE (Secretaria Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), o Espaço Ciência, UFRPE e a CPqAM/ Fiocruz Pernambuco.
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Fonte: Portal Fator