Compus uma mesa no primeiro tempo da manhã com o atual presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli, que por sua vez fez uma caracterização econômica e política da Bahia desde a época do domínio de ACM até as transformações recentes com a chegada de Jacques Wagner ao governo do Estado. Concentrei-me no que considero central para atual momento: a criação de condições políticas para a viabilização de um novo pacto político capaz de superar o acordo tácito estabelecido, pelas classes dominantes, com o Plano Real em 1994, e responsável pela manutenção das maiores taxas de juros do mundo. Soma-se a isto um momento internacional muito particular onde se configura uma “transição sistêmica” onde novos atores surgem e oportunidades de saltos de qualidade internos estão maduras.

Devemos sempre ter em mente algumas coisas, no sentido de clarificar nossas opiniões. Somos um partido que lutamos pelo poder político, porém somos um Partido de ideias. Isso significa ter em conta de que a luta pela realização de nossa estratégia passa por um profundo conhecimento do que realmente é o Brasil. Um país único no hemisfério ocidental, uma combinação complexa de atraso e dinamismo, cuja chave de nossos saltos civilizacionais (1822 e 1930) não esteve na formação de frentes políticas de forma espontânea e em linha reta. A chave do processo sempre foi o acúmulo de forças por parte de grupos políticos avançados que se habilitaram – no curso da luta – a formar opinião e agregar amplas forças heterogêneas em torno de um objetivo comum. Isso se repete hoje e se transforma na mais significativa tarefa política das forças mais consequentes da sociedade brasileira, entre elas o PCdoB.

Os recentes sinais do governo federal indicam que o ciclo histórico se repete, não como tragédia e farsa, mas com elementos novos, novas cores, novas tarefas e diante de um campo que resiste a todo custo a seu declínio político no cenário nacional. Enfim, meu recado teve um sentido de chamamento à prática da amplitude política num momento delicado da história de nosso país. O relevo deve ser aberto, mesmo que às duras penas, para um novo pacto político nacional nucleado por trabalhadores e empresários produtivos nacionais.

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Presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)