Inclusão dos palestinos na Unesco é positiva, mas não garante entrada na ONU
“Na votação da Unesco, o Reino Unido se absteve e esse é um dado que deve ser levado em conta. A Inglaterra é um tradicional aliado dos Estados Unidos e não votou contra, como votaram os norte-americanos. Isso servirá de alerta para os EUA que, frente ao posicionamento das diversas nações, irão pressionar quem se absteve ou votou a favor do reconhecimento palestino”, afirma Nasser. Com a pressão dos EUA, acredita o professor, os votos na Unesco podem não ser os mesmos no Conselho de Segurança da ONU.
Nesta votação, a primeira discussão do assunto em uma agência da ONU, Estados Unidos, Alemanha e Canadá se manifestaram contrários à iniciativa de conceder aos palestinos status de membro pleno na Unesco. Brasil, França, China e quase todos os países árabes, africanos e latino-americanos votaram a favor. Itália e Reino Unido foram dois dos que se abstiveram e podem ter ligado a luz de alerta dos EUA.
Pressão Financeira
De acordo com uma lei norte-americana, os Estados Unidos são obrigados a cortar o financiamento a qualquer agência da ONU que aceite os palestinos como membro pleno. Segundo o professor Nasser, esta pode ser uma moeda de troca decisiva para os País, já que 22% – ou cerca de US$ 70 milhões – do orçamento da Unesco vêm dos norte-americanos.
“O Congresso norte-americano tem atribuições amplas quanto a ações internacionais e o repasse de dinheiro para a Unesco é tratado como assunto doméstico, como política pública. Essa sim será uma forma importante de retaliação”, explica Nasser.
Fonte: Terra Magazine