Outubro vive e viverá
Para os comunistas portugueses evocar o 7 de Novembro e celebrar a primeira revolução socialista vitoriosa é um ato de coerência revolucionária e de fidelidade às raízes do seu partido. O PCP, sendo obra da classe operária portuguesa e produto do amadurecimento do movimento operário português, nasceu com o extraordinário impacto mundial da Revolução de Outubro e o exaltante exemplo do partido bolchevique e de Lenin.
Neste ano em que celebramos o 90.º aniversário do Partido é particularmente oportuno sublinhar que o 6 de Março e o 7 de Novembro são marcos inseparáveis da história deste partido patriótico e internacionalista, uma história que, com vitórias e derrotas, luzes e sombras, o PCP assume por inteiro com orgulho.
A evocação do 7 de Novembro representa a justa valorização de uma epopeia que, da conquista do poder pela classe operária ao empreendimento pioneiro de construção de uma nova sociedade, transformou de alto abaixo a velha Rússia imperial czarista, mostrando aos trabalhadores e aos povos de todo o mundo que a sua libertação dos grilhões do capital não só era possível, como possível era, pela participação empenhada e criativa dos trabalhadores e com a direção da sua vanguarda revolucionária, erguer sobre as ruínas da velha ordem uma nova ordem mais livre, mais justa, mais pacífica, mais humana, uma sociedade realmente superior à sociedade capitalista.
Hoje o combate às campanhas para apagar o significado da Revolução de Outubro e reescrever a história de modo a roubar aos explorados e oprimidos esperança e confiança na vitória da sua luta, ocupa um lugar central na luta contra a ideologia burguesa. É por isso necessário não esquecer que os grandes avanços libertadores do século XX, desde uma nova geração de direitos sociais à derrota do nazi-fascismo, são inseparáveis da ação abnegada e do projeto dos comunistas, e insistir em que as derrotas do socialismo na URSS e no Leste da Europa nem anulam as suas extraordinárias realizações, nem mudam a natureza exploradora, opressora e agressiva do capitalismo.
Vinte anos depois da contra-revolução na pátria de Lenin e da explosão triunfalista de um capitalismo vitorioso do braço de ferro da «guerra fria», o que está no primeiro plano da atualidade política são as brutais manifestações da crise do capitalismo e a confirmação de que o socialismo é mais necessário e urgente do que nunca. Na época histórica que vivemos inaugurada pela Revolução de Outubro, a época da passagem do capitalismo ao socialismo, a solução para os graves problemas com que o mundo está confrontado, só pode ser encontrada no caminho de profundas transformações econômicas e sociais, antimonopolistas e anticapitalistas que supere as contradições que estão na raiz da crise estrutural e sistêmica em que mergulhou o sistema capitalista, a começar pela contradição entre o caráter social da produção e a sua apropriação privada.
Tal como a Revolução de Outubro significou um gigantesco salto em frente na história da Humanidade. Mas um tal rumo não é inevitável. Ele está a ser combatido em todos os continentes. Em Portugal, animados pelos ideais e realizações da Revolução de Outubro não daremos tréguas ao pacto de agressão e prosseguiremos a luta por uma política patriótica e de esquerda, por uma democracia avançada, pelo socialismo e o comunismo, objetivos supremos do PCP.
Albano Nunes é dirigente do Partido Comunista Português
Fonte: odiario.info