Bem-me-quer, bem-me-quer, bem-me-quer

 


Um poema não desce pra perguntar

quem poluiu o chão e o ar

quem enxotou os animais daqui pra lá

ou quem transportou tantas árvores

pra estação do adeus.

Os poemas aparecem

pra afirmar que no céu ainda resta  azul,

que as ondas com suas pernas de espuma

trazem à praia

alguns segredos da alma do mar:

conchas, búzios, mariscos,

coisas que não se contam

a qualquer um…

Mas eu pergunto:

Quem compreende uma dália

no assunto de uma tarde?

Quem enxerga que as acácias,

gérberas, rosas, lírios,

brincam nos terreiros de cada dia?

A poesia, a poesia, a poesia.


Marta Eugênia
Professora de Língua Portuguesa
http://eugenico.blogspot.com/