A Delegação, liderada por Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, contou ainda com Ricardo Alemão Abreu, secretário de Relações Internacionais do Partido, com a senadora Vanessa Graziotin (AM) – presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Cuba – e com Ronaldo Carmona, da Comissão Internacional do PCdoB.

Ao longo dos quatro dias, a Delegação esteve três vezes com dirigentes do PCC e seu Departamento de Relações Internacionais, encontrou-se com o presidente do parlamento cubano, Ricardo Alarcon, com o ministro da Cultura, Abel Prieto, conversou com economistas da equipe que implementa as decisões do 6º Congresso, visitou instituições e teve uma série de outras atividades produtivas.

A reunião com Balaguer

A reunião com José Ramon Balaguer Cabrera, comandante da Revolução cubana de 1959, membro do secretariado do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e chefe do Departamento de Relações Internacionais deste Partido, encerrou a visita.

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Balaguer fez uma densa e ampla exposição inicial. Observou que a situação internacional se caracteriza pela imensa agressividade do imperialismo norte-americano, como se viu nas guerras neocoloniais recentes, e com a crise econômica capitalista, essa situação tende a se agravar, uma vez que, nas palavras do líder comunista cubano, “estão ministrando remédios que matam o doente”, uma alusão às medidas neoliberais que vêm sendo adotadas, sobretudo nos países europeus.

O membro do secretariado do PCC valorizou a integração latino-americana e caribenha, ressaltando o papel essencial que tem o Brasil neste contexto.

O comunista cubano também desenvolveu e detalhou as medidas voltadas à atualização do socialismo cubano. Citando Raúl, observou a centralidade da resolução dos problemas econômicos, para o desenvolvimento do socialismo. Para os comunistas cubanos, o desenvolvimento da base econômica, das forças produtivas, com a centralidade do trabalho, são condições essenciais para o curso do socialismo. “Revolução é mudar o que precisa ser mudado”, afirmou Balaguer, repetindo frase de Fidel que caracteriza a visão atual, de buscar ajustes constantes que permitam intensificar o curso socialista. Balaguer criticou o igualitarismo, que tem por resultado exatamente o inverso, resultando numa linearidade que provoca distorções e iniquidades.

Após ouvirem atentamente a exposição de Balaguer, a Delegação, através de uma intervenção de Renato Rabelo, expôs traços estruturais e conjunturais da situação brasileira e informações das posições e da visão do PCdoB neste contexto.

Renato agradeceu a imensa hospitalidade e o excelente programa organizado para a Delegação, destacando a oportunidade de conhecer a âmago dos debates realizados a respeito da atualização do modelo socialista cubano.

Para Renato, um Partido Comunista, como corpo vivo, historicamente situado, precisa atualizar-se constantemente à luz do desenvolvimento técnico-científico e da constante revolução nas forças produtivas, que produz constantemente novos fatores subjetivos. Aludindo a situação internacional, Renato observou convergências entre as visões do PCC e do PCdoB, no tocante ao agravamento do quadro internacional e na análise dos perigos derivados da crise econômica capitalista.

O presidente do PCdoB também discorreu longamente sobre o ciclo político aberto no Brasil com a eleição de Lula em 2002, sua reeleição em 2006 e a eleição da presidente Dilma em 2010. Observou êxitos e limites da experiência brasileira, relatando os contextos de crise política em 2005, a reação à crise internacional a partir de 2007 e os passos iniciais do governo Dilma, na avaliação do PCdoB.

Renato informou aos amigos de Cuba a respeito da ampla campanha midiática desencadeada recentemente contra o Partido, observando-a no contexto da reação ao crescimento e fortalecimento do PCdoB no período recente.     

Ele agradeceu a solidariedade recebida pelo Partido, tanto no Brasil como de amigos no exterior, por parte de partidos e intelectuais.

O PCC e o PCdoB resolveram ainda atualizar um plano de cooperação entre os dois Partidos, observando áreas e iniciativas que permitam intensificar a relação bilateral entre as duas organizações, entre os dois povos e entre os dois países.