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    Comunicação

    Ajuricaba é Zumbi da Amazônia

    Ajuricaba é Zumbi da Amazônia Desde menina nossa negritude vai além da melanina filhos da luta com certeza à flor da pele já nascemos na peleja a sina desta gente é nadar contra a correnteza fizemos Zumbi dos Palmares rei do Brasil e herói de todas as raças o fantasma do degolado alagoano tal Tiradentes […]

    POR: José Varella

    Ajuricaba é Zumbi da Amazônia

    Desde menina nossa negritude vai além da melanina
    filhos da luta com certeza à flor da pele já nascemos na peleja
    a sina desta gente é nadar contra a correnteza
    fizemos Zumbi dos Palmares rei do Brasil e herói de todas as raças
    o fantasma do degolado alagoano tal Tiradentes na República mineira
    esquartejado, vencendo o medo e o terrorismo do império
    habitou o tempo e o espaço até o dia clarear ao cantar do galo
    da democracia popular fundindo todos os mitos
    resumindo todos os gritos, raças, mundos e fundos
    pra libertar inteira a humanidade filha da animalidade.

    No extremo-norte que nem Zumbi o cacique Ajuricaba dos Manaus
    se matou afogado no Rio Negro ao fim do duro combate
    contra facinorosos caçadores de escravos
    conduzidos por mamalucos danados
    mas o herói ressuscitado do fundo do Encontros das Águas
    rio dos rios chamado das Amazonas guerreiras
    importadas da lenda da Capadócia na nau dos turcos encantados
    se multiplicou às pampas num esquadrão de índios cabanos
    sentou praça no Pará pra lutar na Cabanagem ao lado de pretos
    mamelucos e brancaranas de alma negra coração encarnado
    o tuxaua se incorporou depois já lá nos Pampas às tropas dos Farrapos
    e quando o fuzuê acaba Ajuricaba
    vira nome gaúcho de município do Rio Grande do Sul
    prova de que negra é a condição do trabalho escravo além da cor…
    Aliás já vimos algumas vezes boi voar e preto ficar branco.

    Os primeiros negros da terra do pau-brasil foram 36 índios do Marajó
    Ano de 1500 dois anos depois do português Duarte Pacheco Pereira
    Achar o grão Pará e determinar a linha de Tordesilhas
    370 léguas a oeste de Cabo Verde tangente a Laguna e Belém do Pará 
    três meses antes de Cabral seguramente descobrir o Brasil
    aldeia da ilha “Marinatambalo” assaltada pelo piloto de Colombo
    um sanhudo Vicente Yañes Pinzón que certamente pisou em Guaanani
    depois Bahamas e viu o começo da destruição das Índias Ocidentais
    Lucayos transportados em massa para procurar ouro no Haiti
    nada de tesouro mas estranhos índios-negros foram vistos ali
    Afrodescendentes da flotilha de caiaques do rei do Mali
    ai de ti Amerika maya transformada em vespeiro de Amerigo Vespucci!

    Quando Aimé Cesaire poeta da Martinica viajou ao Canadá
    descobriu ele brancos-negros da América e que a Negritude é multirracial
    a mãe África é senhora de todas as diásporas e diferentes continentes:
    sem fraternizar o mundo não há esperança de paz,
    nem liberdade ou igualdade que se sustente, minha gente!

     

       José Varella, Belém-PA (1937), autor dos ensaios “Novíssima Viagem Filosófica”, “Amazônia Latina e a terra sem mal” e “Breve história da amazônia marajoara”.

    autor dos ensaios “Novíssima Viagem Filosófica” e “Amazônia latina e a terra sem mal”, blog http://gentemarajoara.blogspot.com

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