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    Comunicação

    AMAR – AMARO

    AMAR – AMARO   por que amou por que amou se sabia p r o i b i d o  p a s s e a r  s e n t i m e n t o s ternos ou desesperados nesse museu do pardo indiferente me diga: mas por que amar sofrer talvez como […]

    POR: Carlos Drummond de Andrade

    AMAR – AMARO
     

    por que amou por que amou
    se sabia
    p r o i b i d o  p a s s e a r  s e n t i m e n t o s
    ternos ou desesperados
    nesse museu do pardo indiferente
    me diga: mas por que
    amar sofrer talvez como se morre
    de varíola voluntária vágula evidente?

    ah PORQUE AMOU
    e se queimou
    todo por dentro por fora nos cantos nos ecos
    lúgubres de você mesm(o, a)
    irm(ã ,o) retrato espéculo por que amou?

    se era para
    ou era por
    como se entretanto todavia
    toda via mas toda vida
    é indagação do achado e aguda espostejação
    da carne do conhecimento, ora veja

    permita cavaleir (o,a)
    amig(o,a) me releve
    este malestar
    cantarino escarninho piedoso
    este querer consolar sem muita convicção
    o que é inconsolável de ofício
    a morte é esconsolável consolatrix consoadíssima
    a vida também
    tudo também
    mas o amor car(o,a) colega este não consola nunca as núncaras.

     

    Carlos Drummond de Andrade Antologia Poética
    São Paulo: Abril Cultural, 1982.

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