O professor Robson abriu o debate fazendo referência ao livro do sociólogo Herbert de Souza (Betinho) que discute o método de construir uma análise de conjuntura. O professor salientou a importância dos ensinamentos do sociólogo para compreender a complexa realidade política e econômica diante da crise atual.

Aloísio Sergio Barroso fez sua exposição tendo como tese principal a ideia de que a crise iniciada em 2007 “entroncou-se” como um novo processo de transição mundial. Transição esta em que os Estados Unidos, principal potência econômica, política e militar vive um processo de “declínio relativo, que se intensifica na esteira desta grande crise global”. Apresentando dados de organismos como FMI e Banco Mundial e de vários pesquisadores, Barroso argumentou que uma das marcas dessa transição é o peso crescente da economia chinesa no mundo. “Não há só decadência imperialista dos EUA: o elemento dinâmico no sistema de relações internacionais é a vertiginosa e indiscutível ascensão da China”, enfatizou Barroso

Sobre o Brasil, o palestrante considera que o desafio atual é delinear de forma mais clara um novo projeto nacional de desenvolvimento que articule ampliação da taxa de investimentos na economia com reformas estruturais. Considerou que governo da presidente Dilma tem tomado medidas importantes no enfrentamento da crise, como a segunda redução seguida da taxa de juros. Entretanto – prosseguiu Barroso -, além dessa taxa ser ainda a maior do mundo, há a valorização cambial e a queda dos investimentos públicos. Considera o diretor da Fundação Garbois que o governo deve liderar a conformação um novo pacto político pelo desenvolvimento nacional, “que deve ter como pólo os trabalhadores, o empresariado do setor produtivo da economia e as forças progressistas”.

O Dr. Cesar Medeiros considerou que as políticas sociais desenvolvidas no Brasil nos anos do Governo Lula e aprofundadas pelo governo da presidente Dilma criaram um ambiente mais propício para o Brasil enfrentar as crises, bem como apontam para mudanças mais profundas na estrutura do País. Para Medeiros, num primeiro momento, essas políticas criam as condições para um mercado de consumo de massas, a partir da renda dos programas sociais que atendem as necessidades básicas. Em outro momento, na medida em que a economia cresce, essas pessoas entram em um novo padrão de consumo. Esse processo vai levando camadas da sociedade a ascender socialmente na medida em que participam do processo econômico e produtivo. Para o economista, esse processo tem contribuído para o Brasil enfrentar problemas da economia mundial.

Depois que o mediador fez suas considerações, buscando identificar os pontos convergentes entre os expositores, vários participantes fizeram uso da palavra, com perguntas e apontamentos.

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Com redação do Portal Grabois