Fundação Maurício Grabois recebe Federico García Hurtado, diretor do filme Tupac Amaru
O principal objetivo da visita ao Brasil é a divulgação do longa-metragem “Tupac Amaru”, importante obra do cinema peruano que conta a saga do herói José Gabriel Condorcanqui, brutalmente assassinado em 1781, como consequência de sua árdua luta contra o colonialismo espanhol e libertação da América Latina.
Além da presença de Federico Garcia, mais conhecido pelo apelido “Fico”, e de Pilar Roca, o encontro na sede do Comitê Central do PCdoB contou também com a participação de Adalberto Monteiro (presidente da Fundação Maurício Grabois), Augusto Buonicore (secretário da Fundação), Nádia Campeão (presidente do PCdoB-SP), Monique Lemos (dirigente da UJS) e Socorro Gomes (presidente do Cebrapaz).
A discussão sobre a atual situação do Peru foi um dos principais pontos do debate. O novo governo e gestão de Ollanta Humala e os recentes conflitos ocorridos em Cajamarca, Celendin e Hualgayoc, relacionados à luta contra as transnacionais mineiras, acerca do Projeto de mineração Conga, permitiram realizar um paralelo com o cenário político e social do século 18, no qual o herói Tupac Amaru lutava por objetivos similares: contra a exploração maciça nas minas e de trabalhadores.
Outro assunto debatido foi o trabalho do cinema peruano — as dificuldades em produzir e divulgar filmes que visam retratar a história de sua sociedade e da América Latina, rica em manifestações ideológicas e lutas pela valorização de seu povo e cultura.
A exibição do filme Tupac Amaru foi realizada no mesmo dia, às 20 horas na Cinemateca Brasileira, numa promoção conjunta entre a instituição e a Fundação Maurício Grabois.
O filme foi transmitido pela primeira vez com legendas em português, numa sessão aberta ao público e muito aplaudida pelos espectadores. Após a transmissão, ocorreu novamente um debate, intermediado por Augusto Buonicore, no qual Fico e Pilar responderam a questões sobre o cenário político e cultural do Peru e os desafios relacionadas à censura que a película enfrentou — mas nem por isto houve uma resistência na luta por sua divulgação.
O resultado disto foi a exibição do filme em diversos festivais de cinema – Colômbia, Equador, Cuba, Coreia do Norte, Japão, entre outros – e o prêmio Saúl Yelín, da Associação de Cineastas Latino-Americanos em Havana (1985) e a Menção Honrosa no Festival de Cinema de Londres (1986).
O objetivo do longa é apresentar a trajetória de Tupac Amaru, um grande herói que contribuiu para a história do Peru, deixando sua marca num sinônimo de canto pela liberdade, contra o colonialismo espanhol e repressões sociais como o trabalho de semiescravidão que permeou naquela época.
A importância da obra, portanto, é trazer de volta a identidade perdida, num momento significativo de recuperação desta memória, mostrando também que a luta não era apenas política e de libertação dos incas, mas também uma tomada de sua essência cultural.
A produção do filme teve o cuidado em retratar os fatos como ocorridos, inserindo diálogos em língua oficial e filmagem em solo peruano com ajuda da coprodução de Cuba.
Mesmo sendo lançado em 1984, nota-se ainda que o trabalho em si se mantém ativo e disposto a resgatar a história e o legado de Tupac Amaru.
Acerca disto, a visita de Fernando García Hurtado e Pilar Roca não se limita apenas na transmissão do filme, mas também em estreitar os laços entre Brasil, Peru e demais países da América Latina, para que a cultura e história de seus países possam ser acessíveis a todos, unindo-se intelectualmente, politicamente e culturalmente.