Titubeante, o menino Tonio,
Um dia, disse a seu pai:
“Meu pai, me sinto confuso
a razão não vejo qual,
Nunca sei o que é bom,
Nem tampouco o que é mau,
Com a sua autoridade
Responda, meu pai, se sabe!”
Segredos de alguém revelar
o que há de pior!
Mas em versos vou contar
O que disse o pai ao menor.

Se o vento põe tetos no chão,
Se o céu numa torrente chora,
Sair é mau e só um doido então
Arrisca o seu nariz de fora.
O sol venceu a chuva e o frio
E no alto voltou a brilhar?
Assim é bom vir para a rua
Trabalhar, passear ou brincar.

Ter a cara cor de alcatrão
Ou suja que nem chaminé
Dá coceira e a pele tisna
E um mal, sem dúvida, é.
Gostar de água e de sabão,
Os dentes, a roupa escovar,
Os cabelos pentear, isto é bom,
Isto sim, é coisa exemplar.

Meninos que mordem, batem
Nos pequenos, nos fedelhos
Está errado, não permito,
Aqui lhes dou meus conselhos.
Para sempre os advirto:
Jamais bater nos menores
Eis que uma norma a guardar.
Meninos que assim procedem
A gente tem que estimar.

Se este destrói seus brinquedos
E os livros rasga, fagueiro,
Aquele, que é pioneiro, clama:
“Fica-lhe mal, companheiro!”
Porém, se aos livros ele ama
não anda a gazetear,
Então vai bem e terá fama
Entre mil a se destacar.

Ter medo de um pobre corvo?
Fugir em vez de enfrentar?
Covardia! E fica feio
Se a coragem lhe faltar.
Simples aves de rapina
A gente não deve temer
Pois a vida nos ensina
Quanto vale combater.

Camisa branca qual jasmim
Torná-la a cor de tição
Não lhe parece ruim?
Pois é coisa de vilão!
Trazer sapatos brilhantes
Assim é que deve ser
Para pequenos ou grandes
A limpeza é um dever.

Tudo que vive, cresce.
O porco já foi leitão.
A criança que ora nasce.
Depois será cidadão.

Tonio ouviu todo este tom
ao pai respondeu no final:
“Sempre farei o que é bom,
Nunca farei o que é mau”.


                                                 (1925)
Maiakóvski Vida e Poesia
Coleção a Obra – Prima de cada autor
Martin Caret
Tradução Emilio C. Guerra e Daniel Fresnot