Segundo o jornal Público, até novembro de 2011 o número de empresas envolvidas em demissões coletivas já ultrapassou o de 2010 (verificando-se um aumento de 53%), dados divulgados recentemente pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT). Nos primeiros 11 meses de 2011, houve 699 empresas que recorreram à demissão coletiva para afastar trabalhadores — o que corresponde a mais 53,4% do que os valores verificados no mesmo período de 2010.

Essa subida refletiu-se igualmente no número de trabalhadores envolvidos. De janeiro a novembro de 2011, foram despedidos 6.917 trabalhadores — ou seja, mais 6,6% do que o contabilizado no mesmo período de 2010. Embora esses valores estejam longe dos fluxos de desempregados inscritos nos centros de emprego — só em novembro passado, o IEFP recebeu a inscrição de mais 68 mil desempregados —, há cada vez mais trabalhadores afastados por demissão coletiva.

Desde maio passado, a variação dos inscritos nos centros de emprego ao longo de cada mês tem vindo a crescer: passou de 5% em maio a cerca de 20% em outubro e novembro. Se em 2003 – ano de recessão – havia em média seis trabalhadores por cada mil inscritos nos centros de emprego, em novembro de 2011 esse valor médio passou para 10,8 trabalhadores.

Há ainda um agravamento tanto do número de empresas como dos trabalhadores despedidos, sobretudo desde 2007, o que é explicado, em parte, pela alteração do regime legal. Até 2006, as demissões coletivas eram feitos por mútuo acordo com os trabalhadores, e a Previdência Social suportava o custo dos subsídios de desemprego — que se acresciam às indenizações pagas aos trabalhadores, atenuando o custo social do afastamento dos trabalhadores.

Em 2006, porém, o governo passou a limitar o número de rescisões “amigáveis” que dessem direito a subsídio de desemprego – por considerar que a Previdência Social estava financiando parte do custo das demissões. Desde então, a demissão coletiva – nomeadamente em empresas e multinacionais – passou a ser o recurso privilegiado de redução de pessoal.

Com informações do Esquerda.net