Brasil vai “exportar” o programa Luz para Todos
Quatro acordos de cooperação já foram assinados – com Peru, Colômbia, Guatemala e Moçambique. Outros nove países iniciaram conversas com o Ministério de Minas e Energia, enviaram missões técnicas e poderão firmar convênios nos próximos meses. O grupo inclui Quênia, Zâmbia, Nicarágua e Índia.
Neste fim de semana, em Abu Dhabi (Emirados Árabes), o ministro Edison Lobão pretende mostrar a experiência brasileira em reunião do Grupo de Alto Nível em Energia Sustentável para Todos. Lobão foi convidado para participar da reunião pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, que quer ter o Brasil como referência para a meta de universalizar o acesso ao serviço de eletricidade e de aumentar o uso de energias renováveis.
“Ninguém no mundo tem a experiência que o Brasil possui”, afirma o ministro. Ele cita a ligação à rede elétrica de comunidades na Amazônia, onde a dificuldade logística faz com que seja necessário o uso de postes de fibra de vidro, com apenas 10% do peso de um poste de concreto. “É esse tipo de conhecimento acumulado que vamos mostrar a outros países.”
Dados recém-compilados pelo ministério apontam que 247,8 mil ligações foram realizadas no ano passado, levando o número de unidades consumidoras beneficiadas para 2,9 milhões desde 2004, quando foi lançado o Luz para Todos. Calcula-se que 14,5 milhões de pessoas tenham ganhado acesso à energia elétrica. Em menos de 1% dos casos, em vez de levar a rede de distribuição a comunidades isoladas, a solução adotada foi implantar geração própria – eólica, solar ou a diesel, em último caso.
O acesso a luz, quase sempre, teve impacto econômico relevante. Depois de conectadas à rede elétrica, 79% das famílias adquiriram aparelhos de TV e 73% compraram geladeiras. Isso representou a venda de 2,3 milhões de TVs, 2,1 milhões de geladeiras e 1,1 milhão de liquidificadores.
Cerca de 49% das ligações feitas até agora foram feitas no Nordeste. A maior parte das 414 mil ligações previstas até 2014 se concentra no Norte, especialmente na Amazônia, segundo Ildo Grudtner, secretário de Energia Elétrica do ministério “Parece pouco, mas talvez o que resta pela frente dê mais trabalho do que todo o trabalho executado anteriormente”, diz.
Quanto aos acordos de cooperação com outros países, Grudtner afirma que a assistência brasileira normalmente consiste em explicar a estruturação financeira do Luz para Todos, sua complexidade técnica, a gestão do programa e a forma de priorização dos atendimentos. Encargos setoriais, como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e a Reserva Global de Reversão (RGR), são as principais fontes de financiamento do programa.
Fonte: Valor Econômico