“Acredito que a grande contribuição que nós podemos dar aqui, a Cuba, é ajudar a desenvolver todo o processo econômico”, disse. “A melhor forma de o Brasil ajudar Cuba é contribuir para acabar com esse processo, que eu considero que não leva à grande coisa, leva mais à pobreza das populações que sofrem a questão do bloqueio, a questão do embargo, do impedimento do comércio”.

Dilma citou as iniciativas brasileiras em Cuba que ela considera estratégicas, como a política de crédito para compra de alimentos. Por meio de um crédito rotativo, o Brasil financia para Cuba a compra de produtos alimentícios brasileiros. Essa linha oferece US$ 400 milhões em crédito.

Além disso, o programa federal Mais Alimentos financia a compra de máquinas e equipamentos para a produção de alimentos em Cuba. Nessa modalidade, o crédito oferecido ao país caribenho é de US$ 200 milhões, de acordo com informações da própria presidenta. “É impossível considerar correta a política de bloqueio de alimentos para um povo”, enfatizou.

Dilma também citou a parceria para a ampliação e modernização do Porto de Mariel, estratégico para o comércio externo do país. “Trata-se de um sistema logístico de exportações de bens”, disse. Dos cerca de US$ 900 milhões investidos no porto, o Brasil contribui com cerca de US$ 640 milhões. “Achamos que é fundamental que se crie aqui condições de estabilidade para o desenvolvimento do povo cubano.”

A presidenta a visita a Cuba com uma homenagem ao Memorial de José Martí, na Praça da Revolução. Em seguida, ela foi recebida em cerimônia pelo presidente Raúl Castro, com quem manteve reunião bilateral.

Na cerimônia de assinatura de atos, os governos de Brasil e Cuba assinaram acordos visando à cooperação científica, técnica e tecnológica para implantação física do banco de dados geológicos de Cuba e para o fortalecimento do Centro de Tecnologia e Qualidade do Ministério da Indústria Sideromecânica. Outro acordo prevê a expansão e consolidação da rede cubana de bancos de leite humano. Em entrevista coletiva, a presidenta defendeu uma parceria “estratégica e duradoura” para acelerar o desenvolvimento cubano.

“Telhado de vidro”

Além da cooperação econômica, Dilma falou ainda sobre direitos humanos. “Não é possível fazer da política de direitos humanos só uma arma de combate político-ideológico. O mundo precisa se convencer de que é algo que todos os países do mundo têm de se responsabilizar, inclusive o nosso. Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós, no Brasil, temos os nossos”, declarou.

Segundo Dilma, é preciso haver uma “perspectiva multilateral” para abordar o tema dos direitos humanos. “É um compromisso de todos os povos civilizados. Há, necessariamente, muitos aspectos a serem considerados. De fato, é algo que nós temos de melhorar no mundo, de uma maneira geral. Não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro. Ela serve para nós também.”

Com agências