O governo do presidente José Mujica reconheceu nesta segunda-feira (27), perante o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), a responsabilidade do Estado uruguaio pela repressão durante o regime militar (1973-1985).

Em discurso proferido em Genebra, o ministro de Relações Exteriores, Luis Almagro assumiu a responsabilidade perante as vítimas de violações de direitos humanos. “O governo uruguaio realizará um ato público de reconhecimento da responsabilidade do Estado pela violação ocorrida durante a ditadura”, disse o chanceler, citando uma manifestação marcada para 21 de março. “Demonstraremos a vontade e a convicção com que nosso governo encara a luta contra a impunidade e pelo cumprimento de suas obrigações internacionais”, emendou.

Almagro ressaltou que a medida almeja dar uma resposta à decisão da Corte Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA) no caso do argentino Marcelo Gelman. A sentença obriga o Uruguai a investigar o caso, punir os culpados e indenizar vítimas e familiares. Marcelo, filho do poeta Juan Gelman, desapareceu em 1976, ano do golpe militar na Argentina. María Claudia García, companheira do militante, foi presa e enviada para o Uruguai enquanto grávida, deu à luz em cativeiro e foi morta.

Almagro: “O governo uruguaio realizará um ato público de reconhecimento da responsabilidade do Estado pela violação dos direitos humanos ocorrida durante a ditadura” | Foto: U.S. Embassy Montevideo/Flickr

Macarena, filha do casal, foi encontrada por seu avô, e os dois apresentaram uma denúncia à CIDH. Ela tornou-se ícone das vítimas da Operação Condor, o plano de ação conjunta das ditaduras do Cone Sul. A Corte interamericana acolheu a denúncia, instalou o processo e proferiu a sentença, que obriga o Uruguai a fazer este reconhecimento público.

Apesar da decisão sobre os crimes do regime militar, o governo uruguaio se eximiu de responsabilidade pela violência exercida na época por grupos guerrilheiros como os Tupamaros, ao qual pertenceu o atual presidente. Almagro alegou que o tema já foi abordado no Uruguai pelos tribunais e pelo

Fonte:Sul21