Figuras do Movimento Operário: Palmiro Togliatti – Guia dos Comunistas e dos Trabalhadores Italianos
Em 26 de março, completou 60 anos Palmiro Togliatti. Profundamente reconhecidos por tudo o que ele fêz pela classe operária, por seu Partido, por todo o povo italiano e pelo movimento operário internacional, baseando-se na teoria de Marx, Engels, Lênin e Stálin, todos os operários, todos os trabalhadores, todos os comunistas lhe enviam calorosos e fraternais votos de longos anos de vida.
Palmiro Togliatti, firme e fiel discípulo e amigo do imortal camarada Stálin, não é somente um grande italiano, é também um marxista eminente, um homem de ação cheio de confiança nas forças criadoras da classe operária, dos trabalhadores, do povo italiano. Como pensador e revolucionário, como teórico e homem de ação, muito deu e continua a dar ao movimento comunista e democrático italiano e internacional.
Seu grande conhecimento da vida de seu povo, dos problemas políticos e sociais ou internacionais, sua profunda fé no destino histórico da classe operária que deve libertar a humanidade da vergonha do capitalismo, sua grande confiança na União Soviética e, consequentemente, no progresso da humanidade, no grande Partido criado por Lênin e Stálin, sua fidelidade inflexível, em todas as circunstâncias, ao internacionalismo proletário, sua vida de combatente audaz e ativo e sua formação teórica mostram que Palmiro Togliatti é um dos maiores marxistas de nosso tempo. Sua vida e atividade estão indissolúvelmente vinculadas à vida e à luta da classe operária e do Partido Comunista da Itália, que ele fundou e edificou com Antônio Gramsci.
Durante estes trinta últimos anos, Togliatti desempenhou papel ativo e determinante em todos os momentos decisivos da vida nacional italiana e do movimento operário italiano.
Durante mais de vinte anos, dirigiu corajosa e tenazmente, dedicando toda a sua energia, a luta pela derrubada do regime fascista.
A força de Palmiro Togliatti como político consiste também em que, não só compreendeu o caráter reacionário da burguesia e do Estado italiano, não só foi um dos primeiros a compreenderem o que é o fascismo, como durante uma longa e encarniçada luta, inclusive nos períodos mais difíceis de intensificação da reação, nunca permitiu que se apoderassem do Partido ou de qualquer de suas partes, o cansaço, o abatimento e a passividade.
* * *
Depois de terminada a primeira guerra mundial, Togliatti, que já em 1911 era militante ativo do Partido Socialista, é, em união com Antônio Gramsci, um dos melhores propagandistas da Revolução de Outubro e da importância internacional da doutrina de Lênin e Stálin, um dos organizadores mais ativos e capazes do proletariado, do amplo movimento pela criação dos conselhos de empresa e pela ocupação das fábricas pelos trabalhadores. Com Antônio Gramsci, funda a revista Ordine Nuovo, em torno da qual dever-se-ia organizar a fração que mais tarde deu origem ao Partido Comunista Italiano.
Em 1920, havia poucos que como Gramsci e Togliatti podiam avaliar com exatidão a situação que se criara, prever o desenrolar dos acontecimentos, indicar aos trabalhadores o caminho a seguir para evitar a catástrofe. Eram poucos os que podiam considerar com toda a seriedade o perigo fascista e compreender o que significava o fascismo. A maioria considerava que o fascismo era um fenômeno passageiro, a expressão do estado de espírito de alguns grupos exaltados, desorientados, um produto da guerra.
Com Gramsci, Togliatti previu, desde aquela época, que o fascismo poderia chegar ao poder se a classe operária não cortasse a tempo, pelas armas, sua marcha sangrenta.
Os grupos reacionários da burguesia tinham decidido esmagar, por todos os meios, o movimento das classes trabalhadoras; o proletariado carecia então de um partido capaz de conduzi-lo, firmemente, para a vitória.
O primeiro problema com que se defrontaram Gramsci e Togliatti foi o de criar um Partido Comunista. E este problema não podia ser resolvido teoricamente, pois os revolucionários só podiam encontrar sua solução justa, vinculando-o à luta imediata que era preciso travar então.
O Partido Comunista Italiano nasceu em 21 de janeiro de 1921, em situação dificílima, no momento do refluxo do movimento das rnassas trabalhadoras, no momento em que a onda reacionária do fascismo inundava o país, no momento em que, diante da ofensiva terrorista do fascismo, as massas traídas pelos social-democratas de direita recuavam, ainda que lentamente, defendendo com heroísmo suas posições.
Gramsci e Togliatti não só conclamaram os trabalhadores a se defenderem de armas na mão contra a violência fascista, mas, deram-lhes o exemplo, organizando a defesa armada de Ordine Nuovo.
O fascismo venceu em 1920-1921, porque não havia na Itália unidade da classe operária, unidade dos trabalhadores, unidade do povo, o fascismo venceu em conseqüência da traição dos chefes socialistas de direita, da bancarrota e capitulação dos partidos que, por suas tradições, deveriam defender as liberdades democrático-burguesas.
O Partido Comunista era naquele tempo um pequeno partido, com alguns milhares de membros, isolado das amplas massas que, em sua esmagadora maioria, ainda seguiam os dirigentes social-democratas. Hoje 32 anos depois, tornou-se o mais forte partido, o mais combativo, o mais bem organizado de todos os partidos políticos italianos, o partido cuja influência é maior entre as massas trabalhadoras. Os comunistas, com seus camaradass socialistas, se acham à frente dos sindicatos, das ligas camponesas, das cooperativas, das organizações de solidariedade, das comissões das empresas e de todas as organizações democráticas do povo italiano.
Eis a obra de Palmiro Togliatti, que, em 1926, depois da detençao de Gramsci, assumiu a inteira responsabilidade da direção do Partido.
Desde o primeiro momento da criação do Partido, Togliatti considerou que o papel do Partido e dos comunistas não era esperar os acontecimentos, mas agir diariamente, manter contato direto e permanente com as amplas massas trabalhadoras para levá-las a posições mais avançadas.
Togliatti travou dura luta para fazer do Partido Comunista Italiano um verdadeiro Partido Comunista. Durante os primeiros anos de sua vida, o Partido Comunista Italiano sofreu de extremismo a doença infantil do esquerdismo no comunismo. Palmiro Togliatti ao lado de Antônio Gramsci, lutou implacavelmente contra Bordiga e sua política de passividade, de capitulação e de liquidação do Partido. Cabe a Palmiro Togliatti o grande mérito de ter sabido criar um partido capaz de manter, em qualquer ocasião, ligações com o povo italiano, com a vida e os problemas nacionais do país, um partido fiel ao internacionalismo proletário.
Quando em 1924, o fascismo atravessou a primeira crise — que teve sua expressão e aguçamento no assassinato do deputado Matteotti — Gramsci e Togliatti, à frente do Partido Comunista Italiano, desmascararam com firmeza e audácia o governo fascista, conclamando a classe operária à unidade e à luta, apelando para a greve geral e a ação comum de todas as forças anti-fascistas.
A oposição burguesa, pelo contrário, temia a intervenção das massas na luta mais que ao fascismo e limitava sua ação contra o regime de Mussolini a uma propaganda de caráter moral. Os dirigentes clericais, liberais e social-democratas temiam a greve geral e se opunham, por todos os meios, a uma ativa participação das massas na luta.
Como o previram Gramsci e Togliatti, graças à passividade da oposição, o fascismo pôde passar à contra-ofensiva e salvar sua existência. Durante o ano de 1925, o fascismo suprimiu uma a uma todas as liberdades democráticas e, em novembro de 1926, dissolveu todos os partidos, fechou todos os jornais da oposição, prendeu os deputados comunistas e instituiu o Tribunal Especial. Foi quando foram presos Antônio Gramsci e outros membros da direção do Partido. Diante da ofensiva fascista, os velhos partidos burgueses e social-democratas desmoronaram como castelos de cartas, vencidos por seu oportunismo, por suas ilusões, por seu cretinismo parlamentar, por sua política “legalista”.
O Partido Comunista Italiano, dirigido por Palmiro Togliatti, acolheu as leis fascistas de exceção com plena consciência de seu papel.
Enquanto os dirigentes dos partidos burgueses renunciavam qualquer atividade, fugiam para o estrangeiro, e muitos deles se colocavam a serviço do fascismo, os comunistas prosseguiam a luta com maior força ainda, com mais entusiasmo, desafiando o Tribunal Especial e a violência fascista.
A posição adotada pelo Partido Comunista Italiano no período das leis de exceção e a luta tenaz e sem tréguas sustentada no período seguinte tiveram incalculável importância para o ulterior desenvolvimento do Partido.
Quando em 1929, ante o agravamento da crise geral do capitalismo a acentuação do descontentamento, o desenvolvimento do movimento de massas contra o fascismo e a necessidade de intensificar a luta na Itália, um grupo de oportunistas apodrecidos se erguia abertamente contra a política do Partido, o camarada Togliatti não somente soube avaliar com justeza a situação, como travou, sem hesitar luta implacável contra o oportunismo e os oportunistas que se revelaram agentes do inimigo nas fileiras do Partido.
A posição dos oportunistas se manifestava na subestimaçao aberta da importância do trabalho político e de organização do Partido como forca capaz de mudar a situação, em negar o papel dirigente do Partido como vanguarda do proletariado, em sua volta completa à velha teoria do “espontaneísmo”.
Se o Partido tivesse renunciado a trabalhar no interior do pais, se tivesse feito concessões aos oportunistas, se tivesse reduzido sua ação, se se tivesse limitado a desenvolver sua atividade na emigração, tudo isso teria tido conseqüências desastrosas: o Partido Comunista Italiano não teria chegado ao que é hoje.
O camarada Togliatti não limitou sua atividade à direção do Partido Comunista Italiano. Togliatti tomou parte ativa nos primeiros congressos da Internacional Comunista; desde 1926, participou permanentemente dos trabalhos do Comitê Executivo da Internacional Comunista, chegando a ser um de seus secretários.
Em contato direto com o Partido Comunista da União Soviética, com seus dirigentes e seu chefe, o camarada Stálin, e com os melhores dirigentes do movimento comunista internacional, o camarada Togliatti não só enriqueceu enormemente sua experiência teórica, política e prática, como também levou ao movimento comunista internacional sua rica experiência pessoal e a experiência do movimento operário italiano. Tem especial importância a experiência por ele generalizada da luta contra o fascismo; o estudo das origens do fascismo, a definição de seus traços característicos, de sua ideologia, das forcas de luta contra a ideologia fascista. Nosso Partido foi o primeiro partido Comunista da Europa que se encontrou nas difíceis condições de luta contra a ditadura fascista. Nessa luta o Partido e os trabaihadores combateram bem e acumularam experiência, apesar dos erros cometidos.
É instrutiva a crítica feita pelo camarada Togliatti no XII Pleno aos do Comitê Executivo da Internacional Comunista (setembro de 1932) aos comunistas que achavam impossível que os fascistas alcançassem o Poder na Alemanha.
No VII Congresso da Internacional Comunista, o camarada Togliatti apresentou um informe sobre o tema: “A preparação de nova guerra mundial pelos imperialistas e as tarefas da Internacional Comunista”. Em sua análise profunda e minuciosa expôs as causas que levavam os imperialistas a preparar uma nova conflagração mundial. Em um dos capítulos do informe, o camarada Togliatti dizia:
“Não há dúvida de que a próxima guerra, quer se inicie como uma guerra entre as duas grandes potências imperialistas, quer como guerra de uma potência imperialista contra um pequeno país, tenderá inevitavelmente a se transformar e se transformará inevitavelmente em guerra contra a União Soviética”.
* * *
Alguns meses depois de iniciado o levantamento franquista, o camarada Togliatti se encontrava na Espanha, ao lado dos defensores da República espanhola e lá permaneceu durante todo o período da guerra de libertação nacional para aconselhar e ajudar os camaradas espanhóis em sua guerra dura e difícil contra os bandos de Franco e os legionários de Mussolini e de Hitler.
Togliatti se mantém em seu posto de combate até o último dia.
Mesmo durante os anos em que o camarada Togliatti esteve absorvido por seu trabalho de secretário do Comitê Executivo da Internacional Comunista, quando se devia ocupar com problemas de direção dos outros partidos comunistas e com sua luta, continuou a dar decisiva contribuição à direção do Partido Comunista Italiano.
Sempre, mesmo nos mais difíceis anos da guerra, as palavras do camarada Togliatti foram ouvidas na Itália. Milhões de italianos puderam ouvir seus discursos pelo rádio. Com que clareza e precisão indicava aos italianos o caminho da luta e da salvação.
Sempre, em todos os momentos, o camarada Togliatti aliou uma clara compreensão das tarefas políticas do Partido às indicações precisas e concretas sobre a organização do Partido e das massas trabalhadoras. Recordava, contínua e diariamente, aos trabalhadores, a todo homem honesto, a cada italiano, quais as suas tarefas e o seu dever. E o fêz até o momento em que o povo italiano, como o previra, se ergueu como um só homem para conquistar a liberdade.
O regresso de Togliatti à Itália em 1944, teve imensa importância para o desenvolvimento do país, no sentido da democratização. Em 1944, a Itália estava dividida em duas partes pelos ocupantes alemães e anglo-americanos. Os grandes centros industriais do Norte, onde se concentrava a maioria da classe operária e onde a luta dos guerrilheiros se ampliara grandemente estavam isolados da Itália do Sul, onde os anglo-americanos faziam o que entendiam, ocultando-se sob o rótulo do Governo Badoglio. Nesta parte do país reinava uma grande confusão.
Naturalmente os anglo-americanos queriam que a confusão o caos continuassem a reinar no Sul. Enquanto a Itália permanecesse sem um governo sólido e influente, eles teriam possibilidade de fazer facilmente o que lhes aprouvesse e de submetê-la à sua vontade. Os ocupantes anglo-americanos se preocupavam mais em impedir qualquer renovação econômica e social da Itália, em impedir qualquer medida que pudesse debilitar o regime capitalista do que em combater contra os hitleristas. Eis porque não só se opuseram a qualquer medida democrática, mas também se esforçaram por impedir a Itália de participar da guerra contra os invasores alemães. A mais profunda de todas as contradições existentes na Itália do Sul era, sem dúvida, a contradição entre a linha política dos imperialistas americano-britânicos e os interesses nacionais da Itália.
Tal a situação quando Togliatti chegou à Itália. Ele indicou não só ao Partido e à classe operária, mas a todo o povo o caminho a seguir. Era necessário, antes de tudo, conquistar a independência da Itália, fazer com que todas as forças participassem da luta geral contra o nazismo. Da mesma forma que se dava no Norte, os trabalhadores do Sul da Itália deviam lutar também com todas as suas forças pela libertação e independência do país.
Era imprescindível formar imediatamente um Governo eficiente que, deixando de lado a questão da forma de governo e todas as outras desavenças, lutasse antes de tudo para expulsar os invasores estrangeiros da Itália, primeira e essencial condição para a conquista da liberdade e da democracia.
Aos anglo-americanos como aos dirigentes dos partidos burgueses que se perdiam em estéreis discussões naquele momento, sobre o caráter futuro do Estado, Togliatti disse, com toda clareza:
“Para criar um novo Governo democrático que faça a guerra à base da unidade nacional, colocamos três condições. A primeira — que não se rompa a unidade das forças democráticas e liberais anti-fascistas, ampliar e reforçar a unidade. Segundo, queremos que seja solenemente garantida ao povo italiano, depois da libertação do país, uma ssembléia Nacional Constituinte eleita que decidirá a sorte do país e sua forma de governo. A terceira condição que colocamos é que o Governo democrático tenha claro e preciso programa de guerra e de alívio da a miséria do povo e que consagre todas as suas forças a realizá-lo.
A volta de Togliatti à Itália significou uma reviravolta importante na vida de toda a nação. Ele lutou decididamente para que a classe operária desempenhasse papel dirigente na vida da nação, encaminhou o País na via da libertação e deu também, consequentemente, um poderoso impulso à luta guerrilheira que se travava no Norte da Itália.
Para assesurar o êxito dessa política de unidade nacional, era necessário dar novo e poderoso impulso ao desenvolvimento da atividade do Partido. Desde os primeiros dias de seu regresso, o camarada Togliatti levantava a questão de fazer do Partido um partido de novo tipo. Pela Primeira vez, o Partido Comunista italiano se transformava em partido governamental que se dedicava, não só à crítica e à propaganda, mas que, graças à sua entrada no Governo, participava atlvamente da reconstrução e da transformação de toda a vida do país.
À base das indicações do camarada Togliatti e sob sua direção toda a estrutura orgânica do Partido foi revista, modificada e aperfeiçoada; mudaram suas formas de organização e seus métodos de trabalho. O Partido foi elevado à altura das tarefas que devia resolver na nova situação.
A política vigorosamente aplicada por Togliatti deu consideraveis resultados. Dias depois de seu regresso à Itália, constituia-se oí Governo de unidade nacional em que figuravam comunistas e socialistas, o que incorporou diretamente as massas trabalhadoras à vida política ativa da nação e criou condições para instaurar na Itália um regime democrático. A perspicaz política de Palmiro Togliatti levou à conquista da República e da Constituição republicana.
A libertação da Itália da ocupação estrangeira, a derrubada dá regime fascista, a liquidação da monarquia, a aprovação da Constituição democrática republicana e os importantes progressos na reconstrução do país, na organização da produção industrial e agrícola, do comércio, tudo isso foi devido, em primeiro lugar, aos esforços dos trabalhadores, à política de unidade nacional praticada pelo Partido Comunista. Tratava-se de consolidar essas conquistas, de continuar a marcha para a frente, de tornar impossível o retorno de qualquer forma de regime reacionário e fascista. Isso só poderia ser feito com a renovação da estrutura econômica do país, com a liquidação do poder dos grandes monopólios industriais e financeiros, com a realização de uma reforma agrária profunda.
Desde o primeiro momento, este programa se chocou com a resistência das autoridades de ocupação anglo-americanas que se opunham à sua aplicação.
Contra este programa de reconstrução, de progresso e de renovação da Itália tomaram posição, naturalmente, as forças reacionárias italianas, em primeiro lugar o partido clerical e as altas hierarquias eclesiásticas. Sua luta obstinada e contínua durante os últimos seis anos teve um objetivo claramente expresso: romper a unidade do povo, isolar os comunistas, fazer retroceder o movimento dos trabalhadores, impedir toda tentativa de aplicar reformas econômicas e sociais e consolidar o poder dos grandes monopólios e do capital financeiro.
Desde 1945, o povo italiano obteve muitas conquistas. Depois, da instauração da república e da adoção da constituição democrática, os trabalhadores conseguiram satisfazer uma série de importantes reivindicações econômicas. No entanto, não foi possível se obter nenhuma transformação democrática da estrutura econômica do país.
Os ocupantes americano-britânicos não permitiram que o povo italiano elegesse a Assembléia Constituinte imediatamente depois de finda a guerra e criasse um regime livre e um governo em consonância com suas aspirações. Adiaram quanto puderam as eleições, que só se realizaram em 2 de junho de 1946. Aproveitando-se das debilidades do movimento democrático italiano, usaram incessantemente de chantagem contra ele e o ameaçaram.
Mas, esses senhores do Vaticano e os imperialistas americamos, tinham que levar em conta a força e a capacidade política de Palmiro Togliatti, de seu Partido e dos trabalhadores italianos.
O atentado perpetrado contra Togliatti em 14 de julho de 1948 foi uma tentativa de dar um golpe mortal no Partido Comunista e em todo o movimento popular.
Mas nosso Partido e seu guia superaram também esta prova. Os grupos reacionários tentaram assassinar Togliatti, mas o atentado marcou o início de um novo e poderoso auge das massas trabalhadoras e do movimento democrático. Durante seis anos, as forças clericais tentaram desagregar, dividir o Partido Comunista, isolá-lo do povo, mas ele está mais forte hoje do que nunca. Eles pensavam reforçar suas posições aderindo ao pacto do Atlântico, mas a campanha contra os incendiários de guerra ampliou a frente da paz na Itália.
À frente do Partido e do movimento democrático, o camarada Togliatti trava incansável luta pela defesa da paz, pelo desmascaramento dos provocadores de guerra. Sua palavra de ordem “Por um governo de paz!” repercutiu amplamente no país e contribuiu para a união de novas forças democráticas.
Graças à sua unidade, à unidade que Togliatti sempre considerou como um dos objetivos fundamentais de nossa luta, a classe operária soube repelir todos os ataques, enfrentou todas as manobras do inimigo. E, hoje, essa unidade é o mais firme baluarte da defesa das liberdades democráticas e da paz.
O pacto de unidade de ação entre o Partido Comunista Italiano e o Partido Socialista Italiano, que foi concluído em Paris, já em 1934 se torna cada vez mais eficaz.
Foi realizada na Itália a mais vasta unidade sindical que jamais tenha existido no mundo capitalista. A Confederação Geral do Trabalho Italiana agrupa os trabalhadores comunistas, socialistas, católicos, social-democratas, republicanos, liberais e sem partido.
Essa unidade não é nenhum milagre ou fato casual e passageiro; é o resultado de longos anos de tenaz e paciente trabalho e luta do Partido Comunista Italiano. Se os trabalhadores italianos continuam possuindo até hoje esse poderoso e formidável instrumento de defesa e conquista de seus direitos e de melhores condições de existência, devemos isso, antes de tudo, à política de unidade aplicada pelo Partido Comunista Italiano e, em primeiro lugar, ao camarada Palmiro Togliatti, que elaborou e pôs em prática esta linha. A perda de influência do partido clerical nos últimos anos e a intensificação dos preparativos de guerra pelo imperialismo americano levaram as forças reacionárias a procurar reforçar a ofensiva contra as liberdades democráticas e a Constituição republicana. Há cinco anos, o camarada Togliatti advertiu o Partido e o movimento operário da possibilidade desta ofensiva.
A força e a amplitude da luta que se desenvolve há cinco meses no `Parlamento e em todo o país em defesa das liberdades democráticas, contra a fraudulenta lei eleitoral que visa suprimir o sufrágio Universal, o Parlamento e a própria Constituição, não tem precedente na hitória do movimento operário italiano e na história do povo italiano. Hoje, a classe operária da Itália é uma força poderosa, organizada, unida e combativa, à cuja frente se acha o grande Partido Comunista. Muito o devemos também a Palmiro Togliatti. O mérito imenso de Palmiro Togliatti é o ter sabido aplicar na Itália a teoria de Marx, Engels, Lênin e Stálin, de ter sabido criar um grande Partido no qual todo o povo italiano funda suas esperanças, um Partido capaz de o conduzir para a vitória.
O Partido Comunista Italiano deve seus êxitos, em grande parte e antes de tudo, à atividade política e de organização do camarada Togliatti. Foi precisamente ele que soube fazer do pequeno Partido que era há trinta e dois anos, o grande Partido que é hoje.
Foi precisamente Togliatti quem soube despertar os sentimentos nacionais do povo, sentimentos que, segundo o exemplo animador do valoroso povo soviético, fizeram surgir e desenvolver o movimento de resistência dos guerrilheiros. Foi precisamente Togliatti quem soube fazer do Partido Comunista Italiano uma força capaz de levar avante a bandeira da liberdade, da paz, da independência do país, uma força capaz de assegurar um futuro luminoso para o povo italiano.