Brasil e Venezuela além da relação comercial
Um dos principais desafios dos nossos governos é solucionar de maneira estrutural o histórico deficit habitacional que assola uma grande parte da população pobre dos países latino-americanos.
Tal deficit, no caso do Brasil e da Venezuela, é agravado pelas fortes chuvas que deixam milhares de famílias desabrigadas ou em constante risco de perder todos os seus bens e, inclusive, a vida.
Na Venezuela, um esforço conjugado entre o governo, o setor privado, as comunidades organizadas e as nações irmãs, através de acordos internacionais, levou o presidente Hugo Chávez a lançar o programa Gran Misión Vivienda, em abril de 2011. Inspirado pela experiência brasileira do Minha Casa, Minha Vida, o programa é um esforço conjunto para universalizar o direito à moradia digna e segura.
Não só de inspiração serviu o Brasil nessa empreitada. A Caixa Econômica Federal, no âmbito do convênio de cooperação entre Brasil e Venezuela, disponibilizou técnicos que trabalharam na experiência brasileira para contribuir no projeto de construção das 2 milhões de habitações destinadas às famílias venezuelanas -meta do Gran Misión Vivienda até 2018.
Só em 2011, foram entregues 146.714 dessas unidades habitacionais. O resultado é impressionante e mostra o avanço da Venezuela para se tornar um país mais justo: a meta estabelecida para a primeira fase do programa -353.404 habitações até o fim de 2012- representa 60% do total de moradias construídas nos últimos 12 anos.
Agora chegou o momento de intercambiar e avaliar essas experiências. A Caixa, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Ministério das Relações Exteriores organizaram um seminário sobre a relação bilateral entre Brasil e Venezuela para trazer a público os avanços dessa parceria.
O evento foi uma oportunidade para aprender e também se inspirar na experiência venezuelana, no marco do desafio de superar a pobreza e atender integralmente a população em situação de extrema exclusão social.
Gostaria de ressaltar que o eixo Brasil-Venezuela é um dos principais dinamizadores da integração regional na América Latina.
O modelo da relação é baseado no conceito de cooperação, integração, soberania e troca de experiências. Prova do resultado positivo desse tipo de parceria é o aumento da balança comercial entre os países, que cresceu 287% nos últimos 13 anos.
O encontro mostrou que o sucesso dessa relação é fruto da decisão e vontade política da Venezuela bolivariana de Hugo Chávez e do Brasil sem miséria de Dilma Rousseff de associarem o desenvolvimento econômico, social e político ao continente.
Impulsionam, assim, um intercâmbio voltado para a complementação e integração -como já foi reiterado várias vezes pelos próprios presidentes. Conhecedor dos bons resultados dessa política para ambos os países, faço votos para que esse modelo de relacionamento sirva de exemplo para os que preferem a guerra e a competição à cooperação.
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Maximilien Arvelaiz é embaixador da República Bolivariana da Venezuela no Brasil
Fonte: Folha de S. Paulo