Na Europa da crise, a falência econômica de famílias e seres humanos empurra cada vez mais ao suicídio. A morte pelas próprias mãos torna-se “saída” para alguns. No Continente do empoado euroneoliberalismo os cidadãos tornam-se cada vez mais miseráveis. E principalmente, não vêem saída, não lhes deixam sequer um traço de esperança.

O suicídio na semana passada do idoso em plena Praça Síntagma (Praça da Constituição) aqui, em Atenas, veio a somar-se a vários casos que têm abalado as atingidas pela frugalidade PIIGS e, não só. A revista médica britânica The Lancet menciona a clara ligação entre a crise econômica e o aumento do índice de suicídios na Europa no período compreendida entre 2007 até 2009. Também, o jornal Wall Street Journal destaca que, “o maior aumento de suicídios registra-se na Irlanda e na Grécia, com aumento de 13% e 17% respectivamente”.

No fim da semana passada, na cidade de Lemessós, da República de Chipre, um chefe de família com idade de 50 anos e pai de três filhos suicidou-se apertando o gatilho do revolver dentro do seu carro. Motivo: Os problemas econômicos que enfrentava.

“Ave Berlusconi”

Desde 2010, na vizinha Itália, o indicador de suicídios atingiu um suicídio por dia. “Recebemos, diariamente, chamadas telefônicas de pessoas desesperadas que não podem pagar suas contas e seus impostos, declarou Ivano Giacometti, do Centro de Direitos dos Cidadãos (Codici), enquanto, há alguns meses, Luca Zaia, governador da região de Veneto anunciou, oficialmente, que, “52 empresários de sua região suicidaram-se por motivos econômicos”.

Particularmente, trágica é a história do casal Salvatore de Salvio, de 64 aos e de sua mulher, Antonia Azzolini de 69 anos, que suicidou-se quando perdeu sua casa e seu emprego. “Ave Silvio Berlusconi, os que vão morrer te saúdam, senhor refinado Berlusconi a você dedicamos nossa morte”, escreveu o casal na carta que deixou.

Semana passada, dois construtores atiraram mutuamente contra suas cabeças e, há dois dias, uma mulher idosa que vivia com seus quatro filhos, saltou do terraço de sua casa suicidando-se, na Zelia de Sicília, quando sua aposentadoria foi reduzida de 800 para 600 euros mensais. Nos três primeiros meses deste ano, mais de 16 pessoas suicidaram-se na Itália por problemas econômicos ou porque perderam seus empregos.

Na Espanha, um trabalhador agrícola atirou contra sua cabeça suicidando-se, em Riba Roha. Deixou mulher e um filho porque não podia garantir-lhes a sobrevivência.

Ano passado, no Condado de Clare, foram registrados 19 suicídios. Terrível é a história de John Bern que tentou – com unhas e dentes – manter a casa que havia sido hipotecada pelo seu pai que, faleceu há alguns anos, vítima de excessivo alcoolismo. “Os bancos conduzem o mundo ao suicídio”, declarou John Bern ao jornal Irish Times.

Outros noticiários de Portugal relatam que, “os cortes de gastos no sistema nacional de saúde resultam em imediata redução da perspectiva de vida das pessoas”.

Seja por intermédio de reduções diretas ou indiretas, as políticas euroneoliberais armam as mãos dos cidadãos europeus que vêem seu direito de viver com dignidade se perdendo.

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Fonte: Monitor Mercantil