A atividade – que serviu como etapa intermediária à Conferência da Mulher – homenageou Zuleika Alembert, Elisa Kauffmann Abramovich, Anna Martins e Leci Brandão. Trata-se das únicas militantes do Partido que foram eleitas para a Câmara Municipal de São Paulo ou para a Assembleia Legislativa paulista. Como candidatas ou parlamentares, todas elas ajudaram a pôr as lutas das mulheres em primeiro plano.

Para o vereador Jamil Murad, as bandeiras feministas ganharam força nos governos do ex-presidente Lula (2003-2010) e da presidenta Dilma Rousseff (desde 2011). “O IBGE acabou de divulgar que a mortalidade infantil caiu à metade nos últimos dez anos. Isso é reflexo de políticas sociais – mas também de ações dirigidas às brasileiras”, enfatizou Jamil, durante a plenária.

Com o maior protagonismo das mulheres – que respondem por 93% dos cartões do “Bolsa Família” e por 47% dos contratos do programa “Minha Casa, Minha Vida” –, a renda feminina teve ganho real de 13,5%. Se em 2000 as mulheres ganhavam 67,7% do rendimento médio de trabalho do homem, em 2010 esse índice passou para 73,8%. “Sou otimista, já demos um salto”, declarou Jamil “Há um conjunto de mudanças que, conforme demostrou o IBGE, melhoram efetivamente as condições de vida no País.”

“O espaço público ainda é dos homens”

Solange Carneiro, secretária de Finanças do Comitê Distrital Centro e membro da Comissão Estadual de Mulheres do PCdoB-SP, apresentou à plenária o documento-base da Conferência sobre a Emancipação da Mulher. Segundo ela, a luta das mulheres brasileiras tem três marcos: o voto feminino (1932), a Lei do Divórcio (1977) e a “Constituinte Cidadã” (1988). “São medidas que fortaleceram o exercício da cidadania.”

Para Solange, o governo Lula teve iniciativas relevantes, como a criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Lei Maria da Penha. Mas a disputa eleitoral de 2010, com a “saraivada machista e religiosa”, banalizou temas como o aborto. “Em compensação, o Supremo Tribunal Federal respeitou a autonomia das mulheres ao legalizar a interrupção de gravidez de anencéfalos. Naquele momento, a bancada religiosa tremeu.”

Solange diz que o governo Dilma ajuda a atrair mulheres à política. Mas a mudança é pontual. “Quem está no poder são os homens – o espaço público ainda é essencialmente masculino. O número de candidatas à deputada federal cresceu de 11% em 2002 para 21,7% em 2010, mas representação feminina continua a ser de apenas 8% da Câmara. Na hora do voto, a concepção machista atinge as próprias mulheres.”

Rumo à Conferência Nacional

Na opinião de Solange, o PCdoB deve profissionalizar mais militantes para a luta de ideias. “Em São Paulo, estamos crescendo, e a UBM (União Brasileira de Mulheres) cumpre papel como corrente de pensamento do movimento feminista. Mas quantas camaradas estão liberadas para travar essa luta?”, questiona. “A UBM tem um potencial incrível, uma vez que chega aonde o partido e os sindicatos não conseguem chegar.”

A Plenária do Comitê Distrital Centro elegeu cerca de 20 delegadas e delegados para a Conferência Estadual do PCdoB sobre a Emancipação da Mulher, que ocorre no próximo sábado (05/05), a partir das 9 horas, na Assembleia Legislativa. Já a etapa nacional da Conferência da Mulher está marcada para 18, 19 e 20 de maio, em Brasília.

* CONHEÇA AS COMUNISTAS HOMENAGEADAS PELO COMITÊ DISTRITAL CENTRO

Zuleika Alembert (líder feminista): suplente à Assembleia Constituinte em 1947, assumiu o cargo de deputada estadual por dois meses – até a cassação do mandato de todos os parlamentares comunistas no País;

Elisa Kauffmann Abramovich (professora): primeira vereadora eleita em São Paulo, não tomou posse. Com os comunistas na ilegalidade, concorreu em 1948 pelo Partido Social Trabalhista, que também foi cassado;

Anna Martins (líder comunitária): foi parlamentar por 14 anos, recorde entre as mulheres do PCdoB-SP. Elegeu-se vereadora por três vezes (1992, 1996 e 2000), além de ter sido deputada estadual (2003-2007);

Leci Brandão (sambista): é deputada estadual em primeiro mandato. Foi eleita em 2010 com 86.298 votos, o melhor desempenho já alcançado por uma candidatura do PCdoB à Assembleia Legislativa.

* André Cintra, jornalista, é presidente do Comitê Distrital Centro e dirigente municipal do PCdoB de São Paulo (SP)