O fórum da entidade reuniu 274 delegados, sendo 42% de mulheres, de 45 instituições de ensino superior. Os pesquisadores, vindos de 18 estados do país, participaram de grupos de debates temáticos, conferências e da mostra científica, além de receberem em primeira mão a notícia do reajuste de 10% das bolsas para pós-graduandos.

Reajuste

Quem deu a notícia do reajuste foi o próprio presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Glaucius Oliva, durante o debate “A pesquisa e pós-graduação: desafios para a construção de uma universidade sem fronteiras”.

“A verba sairá exclusivamente da CNPq e acredito que isso ocorra também com a Capes, pelo fato de que não recebemos reajustes em nosso orçamento. Esperamos chegar em breve a um aumento de 40%, como os estudantes reivindicam e como é justo, mas precisamos de pelo menos 120 milhões na conta”, argumentou Glaucius.

Os estudantes estavam sem reajuste há quatro anos e receberão a partir do dia 1º de julho o reacerto de R$ 1.320 mensais para mestrandos e R$ 1980 para os doutorandos.

“Queremos a reposição da inflação e ganho real, mas é preciso uma política permanente de reajustes, valorização e ampliação das bolsas dos prós-graduandos”, defendeu Luana Bonone, presidenta recém-eleita da entidade.

O reajuste é fruto da campanha da ANPG que ganhou as redes sociais com a hastag #MinhaBolsaNãoAumentou e que no dia 29 de março mobilizou centenas de pós-graduandos para pressionar o governo pelo reajuste com aulas públicas e panfletagens nas universidades. Além dessas atividades, a ANPG também fez um abaixo-assinado que circula na internet desde o ano passado e já conta com mais de 50 mil assinaturas.

Além dessas atividades, os congressistas reunidos aprovaram a realização de uma caravana nacional em defesa do reajuste de 40%. A entidade continuará a cobrança da reposição da inflação de 2005 a 2010 nas bolsas dos pós-graduandos.

Resoluções Aprovadas

As discussões sobre o desenvolvimento nacional marcaram o congresso. Sobre o gargalo de falta de tecnologia agregada aos produtos brasileiros exportados, a associação defende que, justamente por isso, a ciência e tecnologia devem ser centrais no atual estágio de desenvolvimento nacional.

“As novas resoluções acerca da necessidade da produção inovação tecnológica do país carece de uma política econômica que garanta de fato que a indústria nacional, que os setores privados e públicos consigam investir em uma inovação que atenda a demanda de crescimento do país e que, em especial, atenda a demanda de elevação da qualidade de vida do povo”, disse Elisangela Lizardo, presidenta cessante da ANPG.

Os estudantes debateram vários temas durantes os três dias de congresso. Entre eles, a urgência de ampliação de financiamento para educação, ciência, tecnologia e inovação; os congressistas defendem também 2% do Produto Interno Bruto para área e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para educação, ciência e tecnologia.

Outra resolução aprovada é a constituição de um novo marco regulatório de ciência e tecnologia para que a pesquisa seja voltada para o desenvolvimento do país e considere as desigualdades sociais, a difusão da cultura e a ciência humanizada.

Avaliação da gestão

Nesta última gestão, a ANPG foi a 99º entidade filiada a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e as pós-graduandas também conquistaram o direito delicença materinidade para as bolsistas da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – , que já era concedido às bolsistas do CNPq.

Sobre a relação com o governo federal, a postura da entidade foi de autonomia e de acompanhamento crítico aos encaminhamentos das políticas públicas. “Temos uma postura crítica e responsável de modo a garantir que as opiniões gerais da entidade, sobre desenvolvimento, atenda as necessidades de elevação da qualidade de vida da maioria da população sejam garantidas”, disse Lizardo.

A entidade conquistou também uma cadeira no conselho deliberativo do CNPq, importante espaço de discussão e implementação de políticas do setor e do Programa Nacional de Pós-Graduação.

Além desse espaço, a ANPG participa também do Conselho Nacional de Juventude, do Conselho Nacional de Saúde e do conselho da CAPES.

Nova diretoria

Com chapa única na qual participaram 97 membros, dos 18 estados presentes no congresso, a chapa “ANPG unificada”, elegeu Luana Bonone como presidenta da entidade.

A nova diretoria tomará posse em agosto e já convocou o CONAP – Conselho Nacional de Associações de Pós-Graduandos – para alteração do estatuto da entidade.