2. Concentrar o Fogo no Imperialismo Norte-Americano

O fogo da ação nacional-libertadora é concentrado nos imperialistas norte-americanos. Se bem que o Brasil seja um país semicolonial, submetido à exploração de diversos grupos imperialistas, o Programa do Partido dirige seu gume contra o imperialismo norte-americano, exigindo o confisco de todos os capitais e empresas pertencentes aos monopólios norte-americanos que operarem no Brasil, a anulação da dívida externa do Brasil para com o governo dos Estados Unidos e os bancos norte-americanos, a expulsão do Brasil de todas as missões militares, culturais, econômicas e técnicas norte-americanas, etc.

Semelhante colocação do problema leva em conta a real situação do Brasil, onde os monopolistas norte-americanos exercem hoje posição predominante em todos os terrenos. Os imperialistas norte-americanos destacam-se de seus concorrentes no terreno econômico, pela posição monopolista que já alcançaram no comércio externo brasileiro, pelo total de inversões diretas e indiretas realizadas no país, bem como pela posição excepcional conquistada em diversos setores da produção. No terreno político, o predomínio norte-amerícano é evidente e sua influência é cada dia maior no aparelho dé Estado brasileiro, praticamente reduzido a instrumento do Departamento de Estado norte-amencano. Os imperialistas norte-americanos orientam, enfim, sua dominação no sentido de reduzir o Brasil à condição de colônia dos Estados Unidos, são os inimigos jurados do povo brasileiro, da maioria esmagadora da nação.

Nestas condições, golpear a dominação norte-americana e derrocar o regime de latifundiários e grandes capitalistas em que se apóia taJ dominação, substituindo-o pelo regime democrático popular, é alcançar o necessário e suficiente para esmagar os principais obstáculos ao desenvolvimento da economia nacional, é colocar nas mãos do povo os elementos indispensáveis para assegurar a defesa da soberania e da independência nacional, é deslocar o Brasil do campo da reação, da guerra e do imperialismo para o campo da paz, da democracia e do socialismo. Contando com o apoio dos países do campo da paz, com a ampla utilização do mercado mundial socialista, ficará o regime democrático popular em condições de impedir a extração do lucro máximo do Brasil pelos monopolistas estrangeiros, poderá atuar no sentido de submeter os monopólios estrangeiros às leis do país, de denunciar os tratados lesivos com todos os países capitalistas.

Concentrando o fogo contra os imperialistas norte-americanos, o Programa leva em conta a grande lição de estratégia e tática leninista que manda, golpear os inimigos um a um e saber convergir o fogo em cada momento contra o inimigo principal e mais poderoso. Como ensina Stálin. não convém jamais sobrecarregar a revolução com todas as tarefas de uma só vez.

Leva-se ainda em conta a atual situação mundial no campo imperialista, onde as contradições entre os países capitalistas e deles com os Estados Unidos, como ensina Stálin, tendem sempre a crescer. Existem possibilidades reais de utilizarmos tais contradições, desde que saibamos concentrar o fogo no inimigo mais forte — o imperialismo norte-americano — e abrir para os demais monopolistas imperialistas a perspectiva de entendimentos e acordos. Torna-se também mais fácil neutralizar os grandes capitalistas brasileiros ligados aos grupos imperialistas rivais dos norte-americanos, podendo-se, em condições particulares e temporariamente, chegar mesmo a tê-los como aliados na luta contra os monopolistas norte-americanos.

Quaisquer objeções à orientação do Programa no sentido de que seja necessário confiscar todas as empresas e capitais estrangeiros que tenham fins agressivos, ou que operem em ramos fundamentais da economia do país, etc., não levam em conta a realidade atual da dominação norte-americana no Brasil e só concorreriam para ampliar desnecessariamente o campo dos inimigos externos mais imediatos da revolução brasileira. A solução do Programa é justa, baseia-se no fato importantíssimo de que o golpe contra os imperialistas norte-americanos é suficiente para garantir à revolução vitoriosa as posições econômicas e políticas que permitam ao regime democrático popular defender com sucesso a soberania e a independência nacional, o bem-estar do povo e o progresso do Brasil.