No entanto, no que é mais comparável, o Brasil fica na frente de Rússia, Turquia, México e China. “O Brasil está relativamente bem, há uma melhor dimensão de bem-estar no país”, diz Romina Boarini, assessora da OCDE.

A entidade anunciará hoje a entrada do Brasil no índice, lançado no ano passado, e pelo qual espera ajudar cada cidadão a avaliar e comparar a sua própria qualidade de vida, por meio de instrumentos que vão além das tradicionais estatísticas do Produto Interno Bruto. Sem surpresa, a Dinamarca e o Canadá lideram o ranking.
Quando perguntados se estavam satisfeitos com sua vida, numa escala de zero a dez, a resposta dos brasileiros foi de 6,8 na média, ante 6,5% no caso de pessoas de países ricos.

Um indicador que reflete a satisfação dos brasileiros é o vínculo social. Mais de 91% acham que podem contar com os amigos em caso de necessidade, ante 82% no México e 90% nos países ricos.
Os brasileiros dizem ser bem integrados socialmente. Ao mesmo tempo, o Brasil é o país com maior número de homicídios entre os 36 pesquisados. São 36 mortes por 100 mil habitantes, em comparação com a média de 2,1 na OCDE.

Também o número de agressões físicas declaradas no ano precedente da pesquisa é grande, de 9,4% dos consultados, só atrás do México, com 11%. Na OCDE, o percentual foi de 4%. A esperança de vida no Brasil, de 73 anos, é inferior à dos países da OCDE, de 80 anos, em média.
Por outro lado, o Brasil destaca-se na participação no mercado de trabalho, com mais de 68% da população entre 15 e 64 anos empregados, em comparação com 66% nos países ricos. A diferença é que 80% dos homens e 56% das mulheres trabalham. Nos ricos, a taxa é de 70% e 66%, respectivamente.

Na harmonia entre trabalho e vida privada o quadro é outro: 12,5% dos brasileiros pesquisados dizem trabalhar mais de 50 horas por semana, em comparação com 9,5% na média da OCDE.
A renda do brasileiro melhorou, mas em termos de paridade de poder de compra fica ainda em US$ 2 mil per capita, enquanto quem mora num país rico recebe, em média, US$ 22 mil. O número de residências sem equipamentos sanitários é seis vezes maior nos países ricos do que no Brasil.

No Brasil, 41% das pessoas dizem ter estudado até o segundo grau, em comparação com 74% nos países desenvolvidos. O índice mostra também, conforme Romina Boarini, que os brasileiros estudam cada vez mais, reduzindo um atraso histórico. “O índice não traz um ranking único, depende de cada utilizador usar os indicadores que acha importantes”, diz ela.

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Fonte: Valor